O Beckett todo — e como o teatro nunca mais foi o mesmo

Depois de 15 anos na gaveta, o Teatro Completo de Samuel Beckett, obra tão influente quanto paralisante, chega às livrarias. Pela mão de Francisco Frazão, Jorge Silva Melo, José Maria Vieira Mendes e Margarida Vale de Gato, quatro dos tradutores, viajamos a um teatro que “estilhaçou todos os códigos” e mudou os palcos para sempre.

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Não foi preciso fazer como Vladimir e Estragon, e ficar à espera de Godot — mas quase. Terá sido em 2006 que Jorge Reis-Sá, então solitariamente ao leme das Quasi Edições, contactou Jorge Silva Melo com a ideia de editar o essencial Teatro Completo do irlandês Samuel Beckett em português. Do lado de Silva Melo ficaria o levantamento e selecção de algumas traduções históricas, enquanto Reis-Sá trataria de chamar uns quantos nomes novos para a tarefa de verter para português o património escrito de um homem que mudou o teatro para sempre. O processo foi colocado em marcha, mas entretanto os cofres da Quasi secaram, a editora faliu, com o volumoso tomo integralmente traduzido, paginado e revisto. O projecto andou ainda pelos escritórios da Cotovia, novamente sem chegar à estampa, até que, passados 15 anos, as Edições 70 (pela mão da ex-colaboradora da Cotovia Beatriz Morais) recuperaram o livro e deram-lhe, finalmente, vida pública.

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