As crianças são quem mais está a sofrer com a pandemia, segundo estudos do Vaticano
Dois estudos do Vaticano chamam a atenção para efeitos da covid-19 nos mais novos. Pandemia deixou mais 150 milhões de crianças em situação de pobreza.
As crianças estão a ser quem mais sofre com a pandemia da covid-19, com aumento na violência, abuso, trabalho infantil, perda de dias de escola, e subnutrição, segundo dois estudos do Vaticano divulgados na quarta-feira.
Os estudos basearam-se em dados académicos, científicos, das Nações Unidas, e outros, e foram produzidos pelo gabinete de Desenvolvimento do Vaticano e pela Pontifícia Academia para a Vida.
“Relatos de violência, abuso, e exploração de crianças aumentaram muito desde que a pandemia começou. As comunidades mais pobres são afectadas desproporcionadamente por estas adversidades”, enumerava um dos estudos.
Estima-se que desde o início da pandemia até Setembro, mais de cinco milhões de crianças tenham perdido um dos pais, um dos avós com custódia ou um cuidador secundário por causa da covid-19, segundo os estudos. Isto quer dizer que a cada 12 segundos, uma criança perdeu um dos pais ou um cuidador.
A pandemia reverteu ainda uma tendência que estava em curso de redução da pobreza, deixando mais 150 milhões de crianças em situação de pobreza e aumentando o número de crianças em trabalho infantil para 160 milhões.
O aumento da insegurança alimentar levou a entre seis e sete milhões de novos casos de subnutrição aguda em crianças com menos de cinco anos, traduzindo-se em cerca de dez mil mortes por ano em 2020, 80% delas no Sul da Ásia ou na África subsariana.
A subnutrição infantil também aumentou pela perda de cerca de 39 mil milhões de refeições escolares, que mesmo em alguns países desenvolvidos é a única boa refeição que muitas crianças recebem.
A taxa de abandono escolar aumentou significativamente no Sul global estimando-se que 10 milhões de crianças em todo o mundo podem não voltar à escola.
Também os casamentos infantis estavam a aumentar enquanto as famílias mais pobres tentavam aliviar a pressão financeira.
Os estudos pediam a distribuição equitativa das vacinas da covid-19, que tem sido defendido pelo Papa Francisco, e anda mais investimento dos governos nas crianças, e a manutenção das escolas abertas o mais possível.