Falta de nuclear francês empurra electricidade para novo máximo

Paragem para manutenção de quatro reactores franceses puxa pelas exportações e pelo preço grossista eléctrico na Península Ibérica.

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A central nuclear de Civaux, em França, é uma das que está em trabalhos de manutenção Reuters/STEPHANE MAHE

É mais uma subida histórica do preço da electricidade no mercado grossista ibérico e está a ser atribuída ao crescimento da procura do lado de lá dos Pirenéus, motivada pela paragem de um terço da potência nuclear, que está a obrigar a França a recorrer às importações da Península Ibérica.

Por uma razão ou por outra, o preço médio da electricidade continua a evoluir de recorde em recorde e, esta quinta-feira, atingirá os 383,67 euros por megawatt hora (MWh), mantendo-se acima dos 400 euros por MWh nas principais horas do dia, ou seja, entre as 9h da manhã e as dez da noite.

O valor máximo, de 409 euros por MWh, está fixado para o período entre as 18h e as 20h.

O preço actual está nove vezes acima dos cerca de 42 euros por MWh registados há um ano, segundo os dados do operador de mercado Omie.

Dezembro, que tem registado vários dias com preços médios acima dos 300 euros por MWh está bem lançado para superar Outubro, que até agora leva o título de mês mais caro da história, com um preço médio de 200,07 euros por MWh (163,54 euros por MWh acima do registado em Outubro de 2020), de acordo com o Omie.

Agora, à subida dos preços do gás natural e das licenças de emissão de CO2, junta-se o efeito das importações francesas.

O jornal económico francês Les Echos descreve um sistema eléctrico sob pressão, que na segunda-feira foi afectado pela paragem de mais um reactor nuclear da EDF, por motivos técnicos, entretanto resolvidos.

Esta perturbação na central de Cattenom veio somar-se às paragens, para manutenção, de outros quatro reactores das centrais nucleares de Chooz e Civaux. Trata-se dos quatro reactores mais potentes do parque eléctrico francês, com 5800 MW de capacidade de produção no total, e que desde a semana passada ficaram fora de jogo.

Segundo o jornal, os volumes de importação aos países vizinhos bateram recordes na passada segunda-feira e, perante o encerramento de centrais a carvão e outras térmicas a fuelóleo, têm surgido reservas quanto à capacidade do actual parque electroprodutor francês para dar resposta a situações de aumento súbito da procura, relacionadas, por exemplo, com baixas temperaturas, em que seja preciso dar resposta rápida ao consumo.

Entretanto, estas dificuldades e os receios de uma eventual vaga de frio também estão a causar apreensão na Suíça, que habitualmente importa energia eléctrica francesa no pico do Inverno.

A operadora da rede de transporte eléctrico francesa, a RTE, tem mantido a capacidade de aprovisionamento sob “vigilância especial” devido à baixa disponibilidade das centrais nucleares e prometeu para o final deste mês um novo diagnóstico, incorporando já as “últimas informações” sobre os reactores nucleares e as previsões meteorológicas.

“Serão elas que servirão de referência para avaliação dos riscos [de abastecimento] nos meses de Janeiro e Fevereiro”, explica o comunicado disponível no site da RTE.

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