Joan Didion (1934-2021): a jornalista e escritora que deu um rosto à escrita sobre o luto

Pioneira do jornalismo narrativo, a autora do bestseller O Ano do Pensamento Mágico enfrentou a dor da morte dos entes queridos diante da folha em branco. Morreu de complicações da doença de Parkinson, em Nova Iorque, a sua cidade adoptiva.

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Joan Didion foi uma grande cronista da América, e não apenas uma grande cronista do luto LIZ O. BAYLEN/GETTY IMAGES

“Fui para São Francisco porque não conseguia trabalhar há alguns meses. Tinha sido paralisada pela convicção de que escrever era um acto irrelevante, de que o mundo como o entendia já não existia. Foi a primeira vez que lidei directamente e sem rodeios com a atomização, a prova de que as coisas se desintegram.” Esta é a voz de Joan Didion nos primeiros minutos do documentário O Centro não Consegue Suster-se (2017), e remete de imediato para o livro que a canonizou, e em que exorcizou o confronto com uma alteração radical que deixa a própria existência em suspenso. No caso, a perda do marido e da filha no espaço de menos de dois anos. Perante a morte, anunciada esta quinta-feira, da escritora e jornalista, a frase inicial de O Ano do Pensamento Mágico (2005), uma das mais citadas, copiadas e apropriadas daquelas que assinou, ecoa por estes dias como uma espécie de hino de homenagem à sua criadora: “A vida muda num instante. Num dia normal.”

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