Scholz e Xi discutem “aprofundamento de relações económicas” em primeiro telefonema
Não houve menção a direitos humanos nem às eleições em Hong Kong na primeira conversa entre o chanceler alemão e o Presidente chinês.
O chanceler alemão, Olaf Scholz, e o Presidente chinês, Xi Jinping, prometeram aprofundar as relações económicas entre os dois países no seu primeiro telefonema, que decorreu na terça-feira.
Mas, em comentários dos dois lados, não pareceu haver, da parte de Scholz, menção a direitos humanos ou às eleições em Hong Kong e Scholz terá dito que esperava que o acordo UE-China “entrasse em vigor assim que possível” – um acordo promovido pelo Governo de Angela Merkel, do qual Scholz fez parte, que tem a oposição dos Verdes. Este acordo UE-China “não pode ser ratificado nesta altura”, diz o acordo de coligação assinado pelos três partidos.
A resposta da China à imposição de sanções a quatro dirigentes políticos da província de Xinjiang por abusos e violações graves dos direitos humanos em Março deste ano foi sancionar membros do Comité Político de Segurança do Conselho da União Europeia e ainda eurodeputados. O Parlamento Europeu recusa-se, desde então, a considerar quaisquer negociações sobre a ratificação do acordo UE-China enquanto a medida vigorar.
Segundo o Politico, nenhum dos relatos do telefonema entre Scholz e Xi – quer do lado chinês, quer do lado alemão – referiu qualquer discussão sobre as eleições em Hong Kong, que o responsável da Política Externa da UE, Josep Borrell, descreveu como “uma violação dos princípios democráticos e do pluralismo político”, decorrendo com grande parte dos membros da oposição na prisão ou exílio e quase só com candidatos fiéis à China.
O jornal online lembra que, segundo o acordo de coligação, o novo Governo iria “lidar de modo claro com as violações de direitos humanos da China, especialmente em Xinjiang”. A inclusão clara da questão dos direitos humanos na relação com a China e a mudança de linguagem em relação ao país no acordo entre os três partidos foi vista por vários analistas como uma das grandes transformações na política externa da coligação liderada por Olaf Scholz, que inclui Verdes e liberais.
O relato do telefonema do lado alemão dizia apenas que “ambos os líderes discutiram, entre outras coisas, o aprofundamento da parceria bilateral e das relações económicas, o desenvolvimento de relações UE-China e questões internacionais”.
A posição potencialmente diferente do chanceler e da ministra dos Negócios Estrangeiros, Annalena Baerbock, em relação à China – assim como à Rússia – tem sido alvo de questões.
Ainda na véspera, o jornal Die Zeit publicava, na sua edição online, uma entrevista com Baerbock em que uma das questões era se a ministra dos Negócios Estrangeiros tinha acordado com o chanceler uma mensagem conjunta para a liderança chinesa. “Claro que sim. Ou temos uma política externa conjunta, ou não temos nenhuma. Eu sei isso, e Olaf Scholz também o sabe”.
A coligação também já mostrou algum desacordo em relação ao Nord Stream 2 e à possibilidade de uma decisão política sobre o gasoduto, que ainda não está a funcionar, caso a Rússia decida atacar a Ucrânia.