Procuradoria pede prisão perpétua para acusados do abate do avião da Malaysia Airlines na Ucrânia
Três russos e um ucraniano estão a ser julgados há 20 meses pelo seu envolvimento na destruição do voo MH17 e pela morte de todas as 298 pessoas a bordo.
A procuradoria dos Países Baixos pediu esta quarta-feira penas de prisão perpétua para os três russos e um ucraniano acusados de homicídio sobre o abate de um avião de passageiros nos céus da Ucrânia em 2014.
Os acusados, que estão a ser julgados à revelia, ajudaram a fornecer o sistema de mísseis que os separatistas apoiados pela Rússia usaram para disparar um míssil contra o voo MH17 da Malaysia Airlines, matando as 298 pessoas que seguiam a bordo.
O procurador Manon Ridderbecks pediu penas de prisão perpétua para os quatro acusados, de seus nomes, Igor Girkin, Serguei Dubinsky, Oleg Pulatov e Leonid Kharchenko.
A maioria das vítimas era de nacionalidade neerlandesa. E o Governo neerlandês considera a Rússia responsável, mas as autoridades russas negam qualquer envolvimento.
No exterior do tribunal, em Amesterdão, Piet Ploeg, que perdeu o irmão, o sobrinho e a cunhada na explosão, afirmou que esperou muito tempo para ouvir a recomendação da procuradoria.
“É um alívio que os procuradores tenham pedido a pena máxima”, disse aos jornalistas. Mesmo que os quatro homens nunca sejam presos, Ploeg considera que “é igualmente importante que o mundo saiba quem é responsável”.
Depois de anos a recolher provas, a equipa de investigadores internacionais concluiu em Maio de 2018 que o lançador do míssil usado para abater o avião, que ligava Amesterdão a Kuala Lumpur, pertencia à 53ª Brigada de Mísseis Antiaéreos da Rússia.
Os procuradores afirmaram esta quarta-feira que os acusados estão ligados aos rebeldes apoiados pela Rússia no Leste da Ucrânia e desempenharam papéis significativos nos acontecimentos que levaram à destruição do avião.
Tanto os russos Pulatov, Dubinsky e Girkin como o ucraniano Kharchenko negaram qualquer envolvimento no trágico episódio. Esta quarta-feira, Dubinsky disse ao canal neerlandês RTL que a sentença era “completamente previsível”.
“A nossa culpa já foi determinada”, disse.
Com base em imagens por satélite, publicações nas redes sociais e chamadas telefónicas interceptadas, os procuradores dizem que os quatro homens trabalharam em conjunto para levar um sistema de mísseis Buk da Rússia para o Leste da Ucrânia para reforçar os separatistas.
“Ao abater o MH17 com um Buk (…) os acusados usaram violência devastadora. Eles planearam esta violência de antemão e organizaram-na em estreita colaboração”, disse o procurador Thijs Berger.
Em gravações apresentadas em tribunal no princípio da semana, homens identificados pelos procuradores como os suspeitos ouvem-se a discutir a mudança do “nosso Buk” para um campo desde onde o avião da Malaysia Airilines foi atingido.
A seguir celebraram o sucesso dos “nossos rapazes” quando derrubaram aquilo que erroneamente pensaram ser um avião militar ucraniano e era afinal o voo MH17.
Os procuradores dizem que ainda estão a tentar identificar as pessoas que dispararam o míssil e os oficiais russos que enviaram o Buk para o Leste da Ucrânia.
O julgamento começou há 20 meses. Só Pulatov enviou advogados para o representaram, os outros recusaram-se a cooperar com o tribunal e foram julgados à revelia.
Os argumentos finais dos advogados de Pulatov deverão ser apresentados em Março e prevê-se que o veredicto será anunciado no final de 2022.