Rúben Amorim quer Sporting a pensar que pode perder

Os “leões” são favoritos para o jogo desta quarta-feira frente ao Casa Pia, para a Taça de Portugal, estatuto que o treinador, Rúben Amorim, considera perigoso.

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Rúben Amorim, treinador do Sporting EPA/EDUARDO COSTA

Rúben Amorim, treinador do Sporting, reflectiu sobre as diferenças entre jogar competições europeias e de ter, nesta quarta-feira (20h45, TVI), de defrontar o Casa Pia, num jogo da Taça de Portugal no qual os “leões” são favoritos. “Se houve jogos, já este ano, que ganhámos porque entrámos sempre a pensar que era possível vencer, aqui é um pouco o contrário. Temos de entrar em campo a pensar que podemos sempre perder este jogo. Se não formos intensos, sérios e [não] o encararmos como uma final, podemos não ultrapassar esta eliminatória, o que seria um grande problema para nós”, assumiu, na antevisão da partida.

Para isso, o técnico prepara-se para “injectar” algum “sangue fresco” na equipa titular, para que esta entre em campo “ainda com mais fome” de vencer e “dar energia extra à dinâmica defensiva e ofensiva”, mas frisou que “não se trata de um prémio para ninguém” e que “vai jogar a melhor equipa para vencer o jogo”. “A força deste grupo é porque está toda a gente preparada [para jogar]. Portanto, vamos meter algum sangue fresco, mas com ‘zero facilitismos’. Não vai haver poupança nenhuma. As mudanças que vão existir é a pensar em vencer o Casa Pia”, garantiu Amorim.

No entanto, sem desvendar quais as alterações que vai introduzir na equipa, o técnico mostrou-se confiante no regresso aos golos de Pedro Gonçalves, que não marca desde 18 de Novembro, quando “bisou” frente ao Borussia Dortmund, em encontro da Liga dos Campeões. Questionado sobre a falta de golos do melhor marcador da época passada, Rúben Amorim garantiu que o avançado “não está ansioso”. “O Pedro Gonçalves é um jogador que, para o bem e para o mal, não pensa muito nas coisas. Obviamente que todos os jogadores sentem, querem marcar, ele obviamente quer marcar, mas cada jogo é uma oportunidade para ele fazer um golo, dois golos.”

Sobre o duelo com o Casa Pia, o treinador do Sporting disse que quer manter boas recordações de Pina Manique, campo onde iniciou a carreira de treinador de futebol. “Será especial e eu quero manter as boas recordações de Pina Manique. Portanto, precisamos de ganhar. Não ganhando, torna-se tudo um pesadelo, em vez de algo especial. Temos essa obrigação.”

Nesse sentido, o técnico garantiu que espera “um jogo difícil” e lembrou que “o Penafiel foi um sério aviso” para a sua equipa, que, admitiu, terá de mudar, especificamente neste desafio, a forma como encara os jogos, pois enfrenta um adversário que não tem a mesma responsabilidade.

Casa Pia com tudo a ganhar

Do lado oposto, o treinador do Casa Pia disse que o clube pretende mostrar a Rúben Amorim a evolução do clube desde a saída do técnico, em 2018/19. “Não temos nada a perder, temos tudo a ganhar. Queremos demonstrar a qualidade e a organização desta equipa, mostrar um pouco aos adeptos do futebol o quanto o Casa Pia se transformou e mostrar mesmo ao Rúben que, desde que ele saiu, vai encontrar um clube muito mais evoluído do que o que deixou”, afirmou Filipe Martins.

Na antevisão ao duelo com o campeão nacional, no Estádio Pina Manique, em Lisboa, o timoneiro dos “gansos”, da II Liga, lembrou todo o trabalho desenvolvido por Rúben Amorim na mudança do paradigma e da mentalidade do Casa Pia, tendo apelidado o jovem treinador como a “pedra basilar” do crescimento do histórico conjunto lisboeta.

“O Rúben vai perceber que o Casa Pia é um clube com uma nova administração, que trouxe investimento e inovação ao clube. Vai chegar aqui e ficar orgulhoso por ver que o caminho está a ser feito com muito profissionalismo e dedicação”, realçou o técnico.

Em relação ao encontro, Filipe Martins assegurou que “o balneário está tranquilo” e com mentalidade idêntica às partidas do campeonato, embora exista “uma motivação extra”, sem que mude a ambição de vencer, mas cientes das possibilidades reduzidas.

“A Taça é uma festa. Temos de desfrutar do jogo e do momento, sabendo que temos as nossas possibilidades, mais reduzidas do que o normal, mas vamos sonhar. Sonhar não paga imposto”, sublinhou, agradecendo o apoio sentido pela boa prestação na II Liga.

O Casa Pia ocupa a quarta posição do escalão secundário e está na luta pela subida à I Liga, mas vem de dois desaires consecutivos, que, contudo, não abalam o sentimento em relação ao confronto com o Sporting, no qual irá fazer cinco alterações no “onze”.

“Nesta casa não estamos habituados a perder e não gostamos de perder, mas temos consciência de que o nosso processo vai passar por altos e baixos. Este encontro até é o melhor que nos podia acontecer. Quando a nossa fase negativa são duas derrotas seguidas, é sinal de que estamos a fazer um bom trabalho”, notou o amadorense.