Gulbenkian fez aquisições de meio milhão de euros para a Colecção do Centro de Arte Moderna

No ano que agora termina, a Fundação Gulbenkian comprou obras de António Costa Pinheiro, Jorge Pinheiro, Fernanda Fragateiro, Jaime Welsh e Fernão Cruz ou Grada Kilomba.

Foto
O artista Pedro Cabrita Reis na inauguração de "Tudo o que eu quero" entre obras de Paula Rego e um auto-retrato de Aurélia de Sousa como Santo António Nuno Ferreira Santos

A Fundação Gulbenkian adquiriu obras de arte contemporânea no valor de meio milhão de euros em 2021, anunciou a entidade esta terça-feira em comunicado. Com o objectivo de reforçar a Colecção do Centro de Arte Moderna (CAM) da instituição, passam a integrar o acervo obras de artistas consagrados ou jovens artistas que vêm completar séries já representadas na colecção ou reforçar núcleos de artistas menos representados na mesma. No total, segundo a lista de obras adquiridas enviada pela fundação, trata-se de 43 obras.

Em causa está “pintura, desenho, fotografia, escultura, filmes e serigrafia” que “representou um investimento de meio milhão de euros em 2021”, diz a Gulbenkian numa nota enviada às redacções em que integra estas aquisições na sua “estratégia anual” para a Colecção do CAM. A colecção inclui agora cerca de 11.800 obras de arte moderna e contemporânea, sobretudo portuguesa mas também pontuada por obras de artistas estrangeiros e é um dos mais importantes acervos deste período existentes em Portugal. O CAM está encerrado para obras de ampliação segundo projecto do arquitecto Kengo Kuma, e assim continuará em 2022, mas a política de aquisições da Gulbenkian manter-se-á activa, garante a instituição.

Passaram agora a integrar a colecção obras de António Costa Pinheiro (a instalação Citymobil, 1967-8) e Jorge Pinheiro (Stabat mater, 2006), mas também “obras de artistas pouco representados na colecção e cujo núcleo foi agora reforçado, como Augusto Alves da Silva [Rainbow, 2001-2005], Fernanda Fragateiro [Paisagem Não-paisagem (Jardim), de 2016] e Jorge Queiroz [quatro pinturas]”. Além destes artistas, foram também adquiridas peças dos jovens profissionais Jaime Welsh (duas fotografias da série For Laura, de 2021) e Fernão Cruz (seis obras, entre pintura e escultura), e trabalhos que completam séries já integradas na colecção como duas peças da série Illusions, de Grada Kilomba, exemplifica o comunicado da instituição.

Victor Pires Vieira (oito desenhos) e Gabriel Abrantes (A brief history of princess X, 2016) também constam da lista de autores que viram obras suas adquiridas pela Gulbenkian este ano.

Os critérios que presidiram às aquisições passam tanto pela “relevância das obras e dos artistas e também os pontos de encontro com a colecção”, diz a instituição, acrescentando que outra das linhas orientadoras foi a aposta em obras presentes em exposições que decorreram na Fundação Calouste Gulbenkian — é assim que passam a integrar a colecção do CAM obras de artistas mulheres portuguesas como Grada Kilomba, Patrícia Garrido (Mobília em 30 cm, 2020), Inês Botelho (Rotação a 19 graus, translação e prumo, 2013) e Maria Capelo (duas pinturas Sem Título, de 2018), que participaram na importante mostra Tudo o que eu quero. Artistas portuguesas de 1900 a 2020, que esteve patente na fundação até Agosto e que integrou o programa cultural da Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia (Tudo o que eu quero vai viajar até Tours em Março de 2022). A crítica do PÚBLICO Luísa Soares Oliveira deu quatro estrelas e meia à mostra, que considerou “excelente” apesar de marcada por algumas ausências de peso.

O mesmo acontece com o artista Fernão Cruz, cuja exposição Morder o Pó ainda está patente até 17 de Janeiro de 2022. Luísa Soares Oliveira atribuiu cinco estrelas a esta mostra “notável”. Na mesma linha, enquadra a fundação, reforçar o núcleo dedicado a Jorge Queiroz cruza-se com o plano de exposição agendada para Julho de 2022 em que o seu trabalho dialogará com o do artista americano de origem arménia Arshile Gorky. Por fim, compraram-se obras de artistas estrangeiros — “dois vídeos da holandesa Manon de Boer, um dos quais apresentado na exposição Downtime/Tempo de Respiração, realizada em 2020 na Fundação Gulbenkian”, e 1o gravuras da artista canadiana Renée Gagnon, que vive em Lisboa.

O investimento feito este ano está na linha do levado a cabo nos últimos anos pela Fundação Gulbenkian, como a própria instituição assinala no comunicado.

Sugerir correcção
Comentar