Rui Rio perde para Paulo Colaço na jurisdição e vence conselho nacional

A lista de Miguel Pinto Luz para o conselho nacional ficou à frente da candidatura patrocinada por Luís Montenegro.

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Paulo Colaço voltou a ganhar a jurisdição do partido contra a vontade de Rui Rio Paulo Pimenta

Paulo Colaço foi reeleito neste domingo presidente do conselho de jurisdição nacional (CJN), o órgão do partido que funciona como uma espécie de tribunal para as questões internas, derrotando Nuno Morais Sarmento que Rui Rio escolheu para encabeçar a lista oficial da direcção nacional. Paulo Colaço teve 424 votos e Morais Sarmento 390.

A lista para o conselho nacional patrocinada pelo presidente do partido foi a mais votada com 187 votos, seguida da proposta de Miguel Pinto Luz com 161 votos, que teve menos 26 sufrágios. Este resultado evidencia que Pinto Luz assume-se como uma voz da oposição. Os delegados ao congresso deram o terceiro lugar a Pedro Calado, que tem como primeiro subscritor por Luís Montenegro. A quarta lista mais votada é a de um apoiante de Rio, o deputado Carlos Eduardo Reis.

A deputada Catarina Rocha Ferreira, alinhada com a direcção de Rio, também conquistou seis representantes no CN. Por seu lado, o ex-parlamentar André Neves, apoiante de Paulo Rangel nas directas, conseguiu eleger quatro elementos.

A mesa do congresso, que desta vez teve duas candidaturas, foi novamente conquistada por Paulo Mota Pinto (465 votos). Pedro Rodrigues, um dos homens fortes do eurodeputado Paulo Rangel, ficou em segundo lugar com 342 votos.

A única lista para a comissão política nacional liderada por Rui Rio obteve 563 votos (67,6%) em 833 votantes.

O presidente do partido, que chegou a este congresso reforçado pelas eleições directas, tem a maioria no conselho nacional – o que não aconteceu na última reunião magna do PSD – um pouco à custa de listas satélites, encabeçadas por apoiantes seus como é o caso dos deputados Carlos Eduardo Reis e Catarina Rocha Ferreira.

O secretário-geral, José Silvano, fala, em declarações à Lusa, de uma “vitória significativa” em relação às anteriores eleições e soma os votos da lista oficial, encabeçada por Pedro Roseta (187), com os alcançados pelas listas de Carlos Eduardo Reis (97), Catarina Rocha Ferreira (70) e Lina Lopes (17).

Para a direcção, a derrota mais amarga deste domingo foi mesmo a perda da presidência do conselho de jurisdição nacional para Paulo Colaço. Rio chegou a sondar Paulo Rangel para este lugar e também para ser, de novo, o rosto da direcção no conselho nacional, mas o eurodeputado preferiu ficar sem responsabilidades no partido, assumindo a sua condição de militante de base.

Um dos momentos mais quentes deste congresso foi protagonizado, no sábado, pelo líder da bancada, Adão Silva, que desferiu um violento ataque ao presidente do CJN. Adão Silva acusou Colaço de recorrer a “abomináveis actos de sabotagem e tiros nas costas”, ao mesmo tempo que apelava à “unidade e coesão” do PSD com vista à vitória nas legislativas.

“Nesta luta eleitoral dos próximos 45 dias e na vida futura do nosso partido são intoleráveis actos como aqueles que foram protagonizados por uma parte do conselho de jurisdição nacional, especialmente pelo seu presidente Paulo Colaço, que deve estar por aí a ouvir-me”, atirou o deputado.

Na resposta, o rosto da jurisdição do PSD, que foi alvo de uma calorosa salva de palmas dos congressistas quando foi chamado ao palco para se juntar aos novos órgãos do partido, acusou Adão Silva de ter mentido, motivo pelo qual considerou que o órgão nacional perdeu o processo no Tribunal Constitucional.

Adão Silva foi alvo de uma sanção de advertência, uma decisão depois anulada pelo TC. O CJN considerou que quer Adão Silva quer Rui Rio (que não teve sanção) violaram os estatutos do partido por não terem dado seguimento a uma moção sectorial aprovada no último congresso que pedia um referendo sobre a eutanásia.

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