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Rio promete reformas sem destruir tudo o que o PS fez

No discurso de encerramento do 39º congresso, líder do PSD comprometeu-se com reformas na educação, saúde, economia e ambiente.

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Anna Costa

Anunciado como “o futuro primeiro-ministro de Portugal”, Rui Rio subiu ao palco para fazer o discurso de encerramento do 39º congresso onde condenou a governação socialista e falou das reformas necessárias na saúde, educação e economia. O líder do PSD assumiu que se quer demarcar do PS. “Estamos prontos para assegurar a diferença. Somos um partido reformista. Não vamos, por isso fazer nenhuma revolução nem vamos destruir tudo o que os outros fizeram”, afirmou.

A intervenção começou pelo momento actual, a antecipação das eleições legislativas. “A 30 de Janeiro, Portugal terá eleições legislativas antecipadas, por força do esgotamento de uma solução política de má memória. De má memória porque a sua principal marca identitária era a de uma permanente aposta no presente e a de um notório desprezo pela construção de um futuro melhor e mais sólido”, afirmou, condenando a forma como o PS governou até ao início da pandemia.

Com as legislativas na mira, Rui Rio comprometeu-se com uma nova forma de governar. “Precisamos de um novo Governo com coragem para levar a cabo as reformas que nos diversos sectores da nossa vida colectiva. Um novo executivo que se distinga da governação socialista que, durante os últimos seus anos adiou o país, por subordinação às forças de esquerda mais extremistas e por uma confrangedora falta de coragem para enfrentar os reais problemas de Portugal”, reforçou.

O líder do PSD reeleito falou do Novo Banco e da TAP por causa das injecções de verbas e porque “depois de tanto dinheiro perdido” a companhia aérea “pode afinal fechar”. “Tudo mau. Pior era difícil”, afirmou, defendendo que “é má solução de fechar a TAP depois das avultadas verbas que lá foram enterradas”.

Rui Rio traçou as linhas gerais da governação socialista não só a actual como as anteriores. “Temos sempre a mesma marca. A marca da falta de rigor e do excesso de facilitismo como uma identidade sempre presente nas governações socialistas ao longo dos tempos”, disse.

Um dos exemplos dessa marca foi a prestação do ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, que se demitiu recentemente. O desempenho “foi absolutamente desastroso como desastroso foi o prolongado e cúmplice apoio que o primeiro-ministro lhe deu durante tanto tempo”, disse.

Ao nível das políticas, o líder do PSD criticou a da educação. “A política educativa nos últimos seis anos é o melhor exemplo do que não deve ser feito”, afirmou, criticando várias medidas: “acabaram com as provas finais de ciclo, aligeiraram o currículo, definiram um perfil do aluno em que o conhecimento e a disciplina passaram a letra morta, desautorizaram os professores, desinvestiram na escola pública e desprezaram o ensino profissional, ignoraram a educação de infância”.

Se a falta de rigor foi apontada como “marca socialista” à política da administração interna e à educação, a mesma crítica foi apontada ao sector da saúde. Lembrando o legado socialista dos últimos 10 anos – em que o PS deixou o SNS em pré-falência – Rio assegurou que hoje o SNS “está novamente fragilizado”. Apontou a situação dos hospitais como “dramática, com urgências em ruptura e com os doentes a acumularem-se nos corredores”, além da taxa de mortalidade por causas não covid que “atingiu valores impensáveis para o nosso tempo”.

Rio defendeu que o SNS precisa de uma reforma que seja “capaz de gerar melhores resultados em saúde e que, articulando-se com as iniciativas privadas e social, consiga o necessário aumento da acessibilidade da população sem perda de qualidade dos cuidados prestados”.

Apontando o combate às alterações climáticas como a “principal batalha pela vida que o mundo, como um todo enfrenta”, o líder social-democrata defendeu que “os desafios ambientais não devem ser um obstáculo ao crescimento económico” mas sim “verdadeiros catalisadores para a geração de mais riqueza”. Também aqui “o Governo socialista falhou em aspectos relevantes da política ambiental como seja o incumprimento das metas europeias para a eficiência energética”. A aposta, prosseguiu, “tem de ser na concretização de um plano nacional descentralizado, envolvendo todos os municípios portugueses e premiando, em sede de transferências do Estado, o seu contributo para a neutralidade carbónica”.

Na economia, a elevada carga fiscal voltou a ser alvo de críticas. “Não é aceitável um país com a sua classe média sufocada em impostos e em que o seu salário de referência pouco se distingue do mínimo em vigor”, afirmou, condenando igualmente quem usa os apoios sociais “para se furtar ao trabalho”. Rio defendeu que é preciso “mudar a política económica, privilegiando o desenvolvimento tecnológico e criando condições (regulatórias, fiscais, financeiras e de infra-estruturas) para o aumento da produtividade e, consequentemente, dos salários”.

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