Tiago faz do Coliseu de Lisboa a sua “Toca” e lança livro com “peregrinação” musical

Tiago Bettencourt leva o projecto Tiago na Toca ao Coliseu de Lisboa esta segunda-feira (21h), dia em que lança um livro com a sua “peregrinação” musical por Caminha, no Verão de 2021.

Foto
Tiago Bettencourt fotografado para a capa do disco 2019 Rumo Ao Eclipse TERESA PAMPLONA

Muito antes de entrarmos todos na “toca” por força da pandemia, já Tiago Bettencourt (sem imaginar o que lá vinha) gravara um disco intitulado Tiago na Toca (e os Poetas). Isso foi em 2011 e o conceito já rendeu uma série de episódios, gravados ao vivo a partir de sua casa durante a pandemia (24, no total), chegando esta segunda-feira ao palco do Coliseu dos Recreios, em Lisboa (21h). No mesmo dia, será posto à venda um livro-concerto com fotografias e gravações ao vivo (acessíveis através de código QR) que resultou de uma “peregrinação” de seis dias e seis concertos por terras de Caminha, do qual divulgamos em exclusivo algumas fotografias e dois vídeos.

Tiago em Caminha: Pedras Rubras MARTIM TORRES
Tiago em Caminha: Cruzeiro da Independência MARTIM TORRES
Tiago em Caminha: Ferry Boat MARTIM TORRES
Tiago em Caminha: Forte da Lagarteira MARTIM TORRES
Fotogaleria
Tiago em Caminha: Pedras Rubras MARTIM TORRES

A par disto, foi lançado pela primeira vez nas plataformas digitais, na passada quinta-feira, o Tiago na Toca (e os Poetas) original, onde Tiago cantou Ary dos Santos, Sophia, O’Neill, Pessoa, Ramos Rosa, Florbela Espanca, David Mourão-Ferreira, Afonso Lopes Vieira, Joaquim Castro Caldas, Henrique Rego, José Blanc de Portugal e Joaquim Pimentel, com cantores e músicos como Fernando Tordo, Carminho, Camané, Pedro Gonçalves, Pedro de Castro, Mafalda Nascimento, Dalila Carmo, Tiago Maia e Pedro Puppe.

Solo absoluto, entre Tocas

Agora, no Coliseu, haverá uma mistura dos dois, como Tiago explica ao PÚBLICO: “Já nos primeiros episódios, em cada um deles eu tocava uma música do álbum antigo, por isso faz um bocado de ligação. E neste concerto, eu vou não só fazer algumas versões das que fiz nestes lives, de vários artistas [e aí ele cantou Springsteen, Bowie, Beatles, Dylan e vários outros], como também do tal CD de 2011. E foi por isso que quis pô-lo agora nas plataformas digitais, porque muita gente pergunta por ele e já não há.” Além disso, o nome do directo nasceu dele. “Quando resolvemos fazer o directo, lembrei-me que existia este nome e que encaixava na perfeição, porque estávamos todos na toca.”

Dos temas do disco original, é possível que se ouçam no Coliseu Cavalo à Solta, de Ary dos Santos e Fernando Tordo; X, de Florbela Espanca; Sei que estou só, de Sophia de Mello Breyner; ou A morte é a curva da estrada, de Fernando Pessoa. Mas quando falou ao PÚBLICO, Tiago estava ainda a ultimar o alinhamento. “Foi tudo gravado aqui por casa. A do Pedro Gonçalves [que gravou com Tiago Data (à maneira de Eustache Deschamps), de Sophia] foi gravada no Zé dos Bois, porque não tenho piano em casa. Foram experiências que eu estava a fazer com o microfone, no da Zé dos Bois ouve-se o jardineiro a regar, aqui em casa ouve-se os vizinhos a falar. Enfim, toda uma acção.”

Como estamos na época do Natal, o formato do concerto seguirá o do circo: “Como está lá o circo, qualquer concerto que haja no Coliseu tem de aproveitar aquela estrutura. Por isso, vou estar no meio e vou ter de arranjar uma maneira de me ir virando para todos os lados. Já fiz este formato duas vezes e gostei bastante. Uma delas foi com banda, eu tinha três microfones e ia rodando. Agora estou sozinho (terei alguns convidados, mas é surpresa) e precisamos de arranjar uma maneira diferente de me virar para o público.”

Do Eclipse à “peregrinação”

No ano em que voltou à “toca” para daí comunicar com o público, Tiago Bettencourt lançou também um disco onde voltava a puxar pelas guitarras, mas sem abandonar a electrónica: 2019 Rumo Ao Eclipse. Já estava pronto antes da pandemia, mas acabou por se ver adiado por ela e só o lançou em Novembro de 2020. Ora em 2021, e com esse novo disco em carteira, fez uma série de concertos, seis em seis dias consecutivos, que foram registados em livro, um Diário Fotográfico intitulado Caminho Rumo ao Eclipse. A ideia foi percorrer seis freguesias do município de Caminha atravessadas pelo caminho de Santiago (daí a sugestão de uma “peregrinação” artística e musical) num percurso que é considerado Património Mundial da Humanidade pela UNESCO.

“Isto fez parte do Programa Garantir Cultura e, sem isso, não poderia sequer sonhar fazê-lo. Acho que foi a primeira vez que usei um apoio destes e foi um óptimo exemplo do que se pode fazer quando a cultura não é tratada como área marginal e pedinchona da sociedade. Fomos para Caminha, fizemos ali espectáculos muito bonitos, com a ajuda da Câmara, que trabalhou imenso, isso deu uns filmes e também deu este livro.” A edição é da Showtime Books, chancela do Grupo Editorial Atlântico, com fotografias de Martim Torres e vídeos de Arlindo Camacho, Miguel Sbrugens e Maria Bicker

A “peregrinação” de Tiago por Caminha decorreu de 20 a 25 de Julho, com início no Forte do Cão, em Âncora, seguindo-se dia 21 o Forte da Lagarteira (Vila Praia de Âncora), dia 22 Santo Isidoro (Moledo), dia 23 Pedras Ruivas (Seixas), dia 24 o Ferry Boat de Caminha com um concerto no rio Minho e dia 25, Dia de Santiago, o Cruzeiro da Independência, em Lanhelas, aqui juntamente com a banda. Todos os concertos, às 19h, eram gratuitos, mas limitados a 40 pessoas, devido aos cuidados com a pandemia.

“A ideia era fazer concertos em sítios improváveis, e a escolha foi mais da Câmara do que nossa”, diz Tiago. “Um deles era um ferry boat, que ainda tentámos que fosse para o meio do rio. Mas depois não se conseguiram autorizações e ficou atracado. Mesmo assim, foi um cenário muito Wes Anderson e deu vídeos bastante originais.”

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