Montenegro diz que o recato que manteve até agora acabou
O antigo líder da bancada parlamentar afirmou que não apoiou Paulo Rangel nas directas porque não tinha que o apoiar. E prometeu fazer campanha ao lado de Rui Rio.
O antigo líder parlamentar do PSD, Luís Montenegro, declarou esta sexta-feira, à entrada para o congresso do partido, que o recato que assumiu nos últimos dois anos vai acabar. “Acho que esse período [de recato] acabou. Não vejo necessidade de ele se prolongar”, acrescentou o antigo deputado.
Vaticinando um “bom resultado” para o PSD, Luís Montenegro explicou que decidiu fazer um período de recato por entender que isso “favorecia a unidade interna”. “Favorecia aquilo que eu anunciei na minha intervenção no último congresso, que era preciso erradicar do PSD fenómenos de crispação muito acentuados, fenómenos de quase ódios pessoais. Eu não gosto de um PSD tribal em que há o nós o eles”, disse, acrescentando que “não quis contribuir de maneira nenhuma para confusões”.
Questionado sobre a razão pela qual não deu um apoio explícito a Paulo Rangel nas últimas eleições internas, declarou: “Não tinha que dar nem deixar de dar apoio, eu tinha que assistir como qualquer militante à campanha e decidir em quem votar e foi isso que eu fiz”. Luís Montenegro distancia-se assim de muitos dos apoiantes que estiveram envolvidos na candidatura do eurodeputado, mas sem entusiasmo e com o interesse de formar uma frente anti-Rio.
Montenegro disse ainda que o partido tem de estar unido no combate das legislativas e foge à pergunta sobre se uma eventual derrota do partido nas eleições de Janeiro comprometerá a liderança de Rui Rio. “Quem tem a vida complicada neste momento é o dr. António Costa porque está a ver, naturalmente, o seu tapete da governação a fugir-lhe. Primeiro, o tapete foi-lhe tirado pelos seus parceiros que asseguravam a sustentação parlamentar e creio que, no dia 30 de Janeiro, serão os portugueses que farão o mesmo ao dr. António Costa e mandá-lo-ão para outras paragens”, afirmou.
Foi nesse âmbito que disse esperar que o presidente do partido possa “aproveitar mais esta ocasião de abertura do congresso para apresentar aos militantes do PSD, em primeiro lugar, mas sobretudo, aos portugueses, aquilo que é o quadro no qual nós vamos disputar estas eleições. Vamos vincar aquilo que são as orientações principais do partido na campanha eleitoral e, naturalmente, motivar o partido para, de uma forma coesa e unida, enfrentar esse processo”.
Antes, tinha declarado estar “mobilizado” e “empenhadíssimo” em poder disputar e vencer as próximas legislativas e deixou a garantia de que vai fazer campanha ao lado de Rui Rio e de todos e quaisquer candidatos que vão envergar a bandeira do PSD nestas eleições.
À chegada ao congresso, Pedro Rodrigues, candidato a presidente da Mesa do Congresso, numa lista alternativa à da direcção, que é encabeçada por Paulo Mota Pinto, justificou a sua candidatura como uma palavra aos militantes. “É aqui que é preciso dizer aos militantes as alternativas que existem para os vários órgãos do partido”, afirmou.
O até agora deputado social-democrata vincou que “o congresso do partido não é uma conservatória que regista e certifica actos decididos por alguém”, mas sim “um órgão político que toma as decisões e escolhas políticas” e que, por isso, devem ser os militantes a decidir quem deve ser o presidente da Mesa do Congresso.
Confrontado com a divisão do partido em véspera de legislativas, Pedro Rodrigues argumentou que “a unidade do partido constrói-se na diversidade e no pluralismo”.
“O PSD sempre foi um partido com muita pluralidade. A sua riqueza e a sua força decorrem dessa capacidade de fazer uma síntese entre as várias divergências do partido e é isso que venho propor ao congresso, sem pôr em causa a legitimidade do presidente do partido”, Rui Rio. Para o social-democrata – que foi uma das figuras mais destacadas da candidatura de Paulo Rangel –, a legitimidade da liderança de Rui Rio foi “resolvida a 27 de Novembro”.