Preço da electricidade segue imparável com instabilidade no gás natural

Mercado grossista ibérico atinge novo recorde com preço médio de 302,48 euros por MWh.

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Reuters/Siphiwe Sibeko

Enquanto a escalada do preço do gás natural se prolonga, alimentada por notícias de tensões entre Rússia e Ucrânia, sucedem-se os recordes no mercado grossista da electricidade, que amanhã, quinta-feira 16 de Dezembro, alcançará um novo máximo histórico, em termos de preço médio.

O valor será de 302,48 euros por MWh, com o valor mais alto a atingir os 345 euros por MWh, às 21 horas (20 horas em Espanha).

Isto num momento em que as tensões entre Rússia e Ucrânia e as incertezas sobre a certificação do Nordstream 2 continuam a ensombrar o abastecimento de gás natural à Europa no Inverno (necessário para as indústrias, para aquecimento e para a produção de electricidade), em altura de grande procura a nível global, em que muitos fornecedores de gás natural liquefeito optam por desviar as suas cargas para os mercados asiáticos.

Os preços do gás natural continuam a subir – os preços para Janeiro de 2022 no mercado ibérico estavam nos 124,95 euros por MWh, que comparam com os valores de Janeiro deste ano, na casa dos 20 euros por MWh – e espera-se para esta quarta-feira que a Comissão Europeia proponha a criação de um sistema europeu de compra conjunta de gás, que permita maior poder negocial aos Estados-membros e contribua para estabilizar os preços.

Enquanto isso, olhando mais à frente no mercado eléctrico, o que nos mostram os valores dos contratos de futuros do operador de mercado ibérico é que os preços não deverão cair abaixo dos 200 euros por MWh nos próximos meses.

Considerando o mercado doméstico, onde estão as famílias e os pequenos negócios, as notícias são piores para os consumidores espanhóis, já que muitos têm as suas facturas energéticas indexadas ao preço do mercado grossista, muito influenciado pelo custo de produção das centrais a gás natural, e onde, além do preço do combustível, pesam as licenças de emissões de carbono, também em níveis recorde, acima dos 80 euros por tonelada.

Por cá, o sistema de preços é distinto, com a entidade reguladora ERSE a estabelecer tarifas reguladas que vigoram durante um ano, embora com a possibilidade de revisões trimestrais (este ano, os preços regulados subiram duas vezes), que de algum modo servem de referência aos preços do mercado liberalizado.

Esta quarta-feira, 15 de Dezembro, será conhecida a decisão final sobre as tarifas de electricidade para 2022, que a ERSE propôs que subissem apenas 0,2% face ao preço médio de 2021, incluindo a revisão em alta da tarifa de energia em Julho e Outubro.

Como as tarifas sofreram estes dois aumentos ao longo do ano, em Janeiro, segundo a proposta apresentada pela ERSE em Outubro, os cerca de 920 mil consumidores do mercado regulado irão notar “uma redução de 3,4% em relação aos preços em vigor em Dezembro de 2021”. A decisão final não deverá afastar-se desta proposta.

No mercado liberalizado, onde já está a maioria do consumo, as maiores empresas mostram estratégias distintas para o sector residencial e de pequenos negócios.

A EDP Comercial vai avançar com aumentos médios de 2,4%, mas a Endesa prevê manter os preços para os domésticos inalterados em Janeiro. Já a Iberdrola irá, segundo o Jornal Económico, reduzir os seus tarifários a partir de 1 de Janeiro.

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