Partidos neerlandeses fecham acordo de coligação após nove meses de negociações
“É um bom acordo, mas é a forma como será posto em prática que realmente interessa”, afirmou Mark Rutte, que vai manter-se como primeiro-ministro dos Países Baixos.
Os partidos políticos neerlandeses chegaram a acordo para formar um Governo de coligação, quase nove meses depois das eleições legislativas. O primeiro-ministro Mark Rutte deverá manter-se no cargo e bater o recorde de longevidade na chefia do Governo.
O acordo foi fechado na segunda-feira à noite e põe fim às mais longas negociações governamentais nos Países Baixos, que se estenderam ao longo de 271 dias. A coligação envolve os quatro partidos que já integravam o executivo cessante – o Partido para a Liberdade e Democracia (VVD), de Rutte, os progressistas do D66, os democratas-cristãos da CDA e o partido União Cristã.
O texto do acordo vai ser apresentado ao Parlamento na quarta-feira, mas ainda tem de ser aprovado pelos partidos que integram a coligação e pelos deputados. “É um bom acordo, mas é a forma como será posto em prática que realmente interessa”, afirmou Rutte à saída das negociações na segunda-feira à noite.
A manutenção de Rutte no cargo que ocupa desde 2010 está a ser interpretada como mais uma prova da sua capacidade de sobrevivência política. O anterior Governo caiu na sequência do escândalo da denegação de abonos de família a dezenas de milhares de agregados, acusados de forma irregular de fraude, com contornos de xenofobia.
Ainda assim, o VVD voltou a ser o partido mais votado nas eleições de Março, dando a Rutte mandato para negociar uma nova coligação. Em Abril, o chefe de Governo voltou a enfrentar uma nova prova de fogo ao sobreviver a uma moção de censura movida pelos parceiros de coligação que o acusavam de ocultar algumas informações durante as negociações.
Os detalhes sobre o acordo de coligação ainda não são conhecidos em pormenor, mas a imprensa local refere que estão previstos investimentos públicos de grande dimensão para combater as alterações climáticas. Os Países Baixos continuam a ser um dos principais emissores de dióxido de carbono na União Europeia.
O acordo de governação também deverá incluir um aumento nos gastos com habitação social, subsídios de apoio à natalidade, e nas áreas da Educação e Saúde, diz a Reuters.
A composição do executivo vai ser conhecida na quarta-feira e espera-se que a tomada de posse ocorra no início de Janeiro.