Justiça bielorrussa condena marido de Tikhanovskaya a 18 anos de prisão

Siarhei Tsikhanouski foi detido em Maio de 2020 quando se preparava para concorrer contra Alexander Lukashenko nas eleições presidenciais.

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O julgamento de Siarhei Tsikhanouski foi à porta fechada e os seus advogados foram proibidos de revelar publicamente detalhes do processo Reuters/BELTA

Um tribunal bielorrusso condenou esta terça-feira a 18 anos de prisão o blogger Siarhei Tsikhanouski, marido da líder da oposição, Svetlana Tikhanovskaya, que classificou o veredicto como uma “vingança” do Presidente Alexander Lukashenko.

O juiz deu como provado que Tsikhanouski e os seus aliados foram responsáveis pela organização de motins, actos de violência e desobediência civil e ordenou que os réus cumpram a pena numa prisão de máxima segurança, segundo informou a agência noticiosa BelTA.

“O ditador vinga-se publicamente dos seus maiores opositores”, lamentou Tikhanovskaya na sua conta no Twitter. “Enquanto esconde prisioneiros políticos em julgamentos à porta fechada, ele espera continuar a repressão em silêncio”, escreveu a activista, que enfrentou Lukashenko nas eleições de Agosto de 2020. “Mas o mundo inteiro está a observar. Não nos deteremos”, acrescentou.

Tsikhanouski foi detido em Maio de 2020 quando se preparava para concorrer contra Lukashenko nas eleições e sempre negou as acusações. A sua mulher, Svetlana Tikhanovskaya, acabou por ocupar o seu lugar na corrida eleitoral e foi a candidata mais votada da oposição, embora a Comissão Eleitoral lhe tenha atribuído apenas 10 por cento dos votos, número contestado pela oposição.

Lukashenko ignorou as críticas nacionais e internacionais e proclamou-se vencedor, iniciando o sexto mandato sob a sombra da ilegitimidade. Desde então, a Bielorrússia tem sido alvo de sanções por parte dos Estados Unidos e da União Europeia, que consideram as eleições de Agosto do ano passado como fraudulentas e manipuladas, não reconhecendo a reeleição de Lukashenko.

As sanções contra o regime de Alexander Lukashenko têm sido, entretanto, agravadas por causa da crise migratória nas fronteiras da Bielorrússia com a UE, que o bloco europeu classifica como uma “guerra híbrida” orquestrada pelo Governo de Minsk.

Tsikhanouskaya fugiu para a vizinha Lituânia para escapar à repressão desencadeada pelo regime de Lukashenko após as eleições e, desde então, tem sido a voz mais activa da oposição bielorrussa, mantendo encontros com vários líderes ocidentais.

No final de Novembro, num discurso perante o plenário do Parlamento Europeu, Tsikhanouskaya pediu que a União Europeia tratasse o problema bielorrusso com a urgência com que trataria um vírus. “Todos sabemos que quanto mais a doença é ignorada, mais difícil é curá-la no futuro”, disse aos eurodeputados. “Esperar para ver não é a estratégia certa”, por isso, “a acção é crucial”.

Em Julho, um tribunal bielorrusso condenara o ex-candidato à presidência, Viktor Babariko, a uma pena de 14 anos, por acusações de corrupção que sempre negou. E, em Setembro, Maria Kolesnikova, uma das líderes dos protestos de rua contra Lukashenko no ano passado, foi condenada a 11 anos de prisão.

A Relatora Especial da ONU para a Bielorrússia, Anaïs Marin, afirmou que mais de 35 mil pessoas foram detidas arbitrariamente no ano passado, acrescentando que o medo da repressão fez com que dezenas de milhares de bielorrussos fugissem do país em busca de refúgio seguro.

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