Opositora do Presidente do Benim condenada a 20 anos de prisão

Justiça considera que Madougou foi cúmplice com actividades terroristas. Ex-ministra denuncia motivações políticas lideradas pelo regime de Talon.

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Madougou foi ministra da Justiça do Benim Reckya Madougou / Facebook

Reckya Madougou, antiga ministra da Justiça e que foi uma das principais favoritas à presidência do Benim, ocupada desde 2016 por Patrice Talon, foi condenada neste sábado a 20 anos de prisão, por ligações a uma conspiração terrorista para assassinar “várias figuras políticas” do país africano.

A decisão de um tribunal do Benim foi anunciada neste sábado e acontece poucos dias depois de Joel Aivo, outro opositor do Presidente, ter sido condenado a 10 anos de prisão por conspiração contra o Estado e lavagem de dinheiro.

Madougou e a sua equipa de defesa garantem que as acusações e a condenação têm motivações exclusivamente políticas.

“Ofereço-me pela democracia e, se o meu sacrifício permitir que o Sr. Presidente [do tribunal] e os seus colegas recuperem a sua independência do Governo, então não terei sofrido em vão”, terá dito Madougou aos juízes, pouco depois de conhecida a sentença, segundo uma mensagem publicada na sua página de Facebook.

“A senhora Madougou foi condenada a 20 anos de prisão por três carrascos do Governo, sem testemunhas, sem documentos e sem provas”, criticou Antoine Vey, advogado da antiga ministra, citado pelo Washington Post.

“O seu crime é representar uma alternativa democrática ao regime de Patrice Talon”, denunciou o advogado.

Reckya Madougou tinha sido detida em Março, acusada de financiar uma operação para assassinar detentores de cargos políticos, de forma a evitar a realização das eleições presidenciais que tiveram lugar no mês seguinte – a sua candidatura fora rejeitada pouco tempo antes pela Comissão Eleitoral do país.

Talon foi reeleito, em Abril, com 86% dos votos, numa eleição boicotada pela oposição, por causa da detenção e desqualificação de vários candidatos.

O Presidente é ainda acusado pelos seus opositores e por várias organizações nacionais e internacionais de violações de direitos humanos no Benim. Talon nega, no entanto, todas as denúncias.

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