Líder da oposição à frente nas intenções de voto em Angola
Adalberto Costa Júnior, presidente da UNITA, reúne 53,4% da preferência dos eleitores para as eleições de 2022, contra 30,1% do actual chefe de Estado, João Lourenço.
Uma sondagem coloca o recém-eleito líder da UNITA, Adalberto Costa Júnior, como favorito à vitória nas eleições gerais de 2022 em Angola, com quase o dobro das intenções de voto do actual Presidente angolano e líder do MPLA, João Lourenço.
De acordo com um estudo de opinião levado a cabo pela AngoBarómetro entre 23 e 30 de Novembro, Adalberto Costa Júnior recolhe 53,4% das preferências dos eleitores angolanos, com um avanço de 23 pontos percentuais sobre João Lourenço. Mais longe nas intenções de voto estão Abel Chivukuvuku, coordenador do projecto PRA-JA, com 8,22%, seguido de Benedito Daniel, presidente do PRS, com 4,11%, de Filomeno Vieira Lopes, do Bloco Democrático, com 2,74% e de Manuel Fernandes, da CASA-CE, com 1,37%.
Somando os votos dos líderes dos partidos que formam a Frente Patriótica Unida (FPU), liderada por Adalberto Costa Júnior e que agrega UNITA, PRA-JA e Bloco Democrático, a oposição angolana reúne mais de 64% das preferências dos eleitores angolanos.
De acordo com os especialistas da AngoBarómetro, a queda de João Lourenço e do MPLA é justificada com a percepção de que as promessas eleitorais não foram cumpridas, a que se junta uma situação económica e social cada vez mais difícil para a maioria dos angolanos e o desgaste de uma longa governação de mais de 46 anos.
Uma outra razão para a perda de popularidade do actual Presidente da República deve-se ao facto de “ter sucumbido à estratégia de manutenção do poder ao promulgar uma lei eleitoral reprovada não só por todos os partidos políticos com representação parlamentar, mas sobretudo pela sociedade”, que considera a legislação aprovada em Setembro como uma forma de “legalização de possíveis irregularidades e fraudes.”
Ainda segundo a sondagem, 85% dos inquiridos consideram que os candidatos à Presidência da República devem sujeitar-se a debates, quer televisivos quer radiofónicos, com a justificação de que ajudariam a conhecer melhor os candidatos, enquanto 11% é da opinião que os potenciais frente-a-frente entre os candidatos em nada alterariam a opinião dos eleitores.
TC indefere pedido de impugnação do congresso do MPLA
O Tribunal Constitucional (TC) angolano indeferiu entretanto o pedido de impugnação do VIII Congresso Ordinário do MPLA, partido no poder, solicitado por António Venâncio, pré-candidato à liderança do partido, por se tratar de uma “providência cautelar não especificada”.
O posicionamento do TC vem expresso num despacho datado de 7 de Dezembro de 2021, assinado pela juíza presidente da instância judicial, Laurinda Prazeres Monteiro Cardoso, divulgado esta quinta-feira.
Segundo o despacho, António Venâncio, militante do MPLA que viu rejeitada a sua intenção de concorrer à liderança do partido no Congresso que teve início esta quinta-feira, requereu ao TC uma “providência cautelar não especificada em que solicita que seja intimado o MPLA a abster-se de realizar o congresso”.
O TC considera que a impugnação do congresso do MPLA, tal como requerido por Venâncio, só pode ser decidida pelas estruturas partidárias. A juíza-conselheira presidente do Tribunal Constitucional fundamenta a sua decisão de indeferimento com o argumento de que “as alegações e fundamentos” da impugnação da providência cautelar “no que respeita à natureza do processo adoptado pelo requerente permitem concluir que a mesma deve ser feita ao abrigo da Lei dos Partidos Políticos”.
Na providência cautelar, António Venâncio requeria que o MPLA fosse “obrigado a recomeçar todo o processo orgânico do VIII Congresso, a nível central, elegendo uma comissão nacional eleitoral e procedendo à reestruturação e correcção da comissão nacional preparatória” e alegava, segundo o despacho do TC, que tinha sido impedido “de recolher assinaturas necessárias para apresentar e formalizar a sua candidatura, devido a actos de intimidação que de os militantes seus apoiantes foram alvo, e por ausência, até à data, de uma comissão eleitoral, viu-se impossibilitado de apresentar as suas reclamações.”