Cabrita lembra que era “só um passageiro” e que acusação ao seu motorista é “Estado de direito a funcionar”
No dia em que o motorista foi acusado de homicídio por negligência, o ministro da Administração Interna insistiu ser “só um passageiro” e defendeu que dedução da acusação “é o Estado de direito a funcionar”.
O ministro da Administração Interna Eduardo Cabrita afirma que era “só um passageiro” do carro envolvido no atropelamento na A6, que resultou na morte de um trabalhador de limpeza de estradas, e defende que a dedução da acusação ao motorista conhecida esta sexta-feira corresponde ao “Estado de direito a funcionar”.
Em declarações feitas à margem de um evento em Lagos, Algarve, e reproduzidas pela CNN Portugal, o governante disse que “todo o esclarecimento dos factos terá de ser efectuado” e apelou a que isso não seja feito com “qualquer repugnante aproveitamento político”.
“As condições do atravessamento de via têm de ser esclarecidas”, insistiu, sublinhando que se tratava de uma “via não sinalizada”.
Cabrita notou que “nesta fase” o mais importante é “permitir esclarecer as condições do acidente” e garantiu ter “confiança” nas “instituições”.
“Sou só um passageiro, é o Estado de direito a funcionar, temos de confiar, ninguém está acima da lei”, prosseguiu o governante socialista.
Esta sexta-feira, o Observador avançou, tendo o PÚBLICO confirmado a informação junto do advogado da família da vítima, que a 18 de Junho o carro do ministro circulava a 163km/h, tendo o Ministério Público deduzido acusação contra o motorista de Cabrita, agora acusado de homicídio por negligência.
Há cerca de duas semanas, Eduardo Cabrita escusava-se comentar o caso, recusando “violar a autonomia e a independência das autoridades judiciárias, a quem cabe a investigação”. Por seu turno, na mesma data, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, pedia rapidez à justiça no caso relacionado com o carro do ministro socialista.
Na sexta-feira dia 18 de Junho, a viatura em que seguia Eduardo Cabrita teve um acidente de viação que provocou a morte de um homem de 43 anos, Nuno Santos, que fazia a manutenção da auto-estrada A6.
Em comunicado, a Iniciativa Liberal (IL) salientou que “Eduardo Cabrita há muito – pelo menos desde o caso do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) - deixou de ter quaisquer condições para se manter em funções” e acusou o ministro de procurar “escudar-se atrás de aspectos formais para esconder o óbvio: dentro de uma viatura oficial que circula em excesso de velocidade, e do estrito ponto de vista da responsabilidade política, um ministro não pode considerar-se a si próprio um mero passageiro”. A IL acrescenta ainda que “a permanência do ministro Eduardo Cabrita revela que este se colocou a si próprio numa situação em que se coloca como exemplo máximo da inimputabilidade deste Governo”.