A invejosa, a invejada e o cata-vento

É entre a inveja e o poder, mas também a ciumeira de classe e o lirismo do amor romântico, que se desenrola a trama de Nem Come Nem Deixa Comer, em cena até domingo no Teatro Municipal Joaquim Benite, em Almada.

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Ana Cris é Marcela, a dama de companhia despeitada RUI MATEUS

Será por a galinha do vizinho ser mais gorda do que a nossa, ou por a relva ser mais verde do outro lado da sebe que separa os jardins próprio e alheio, ou por, devido à sua natureza, a humanidade ambicionar sempre mais do que tem ou merece? Seja como for, o papel da inveja – por muito mal-afamado que seja – não é negligenciável no comportamento de homens e mulheres, principalmente nas sociedades hierarquizadas, que são, a bem dizer, todas as que conhecemos. Há quem afirme até a inveja como o verdadeiro motor do progresso e da evolução, recusando a versão corrente e moralista que nela vê defeito de carácter. Pois é entre a inveja e o poder, mas também a ciumeira de classe e o lirismo do amor romântico, que se desenrola a trama de Nem Come Nem Deixa Comer, comédia de desencontros e resolução improvável que Ignacio García encena em Almada.

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