É preciso “acordar” para a desestabilização da Rússia na UE, avisa Polónia
Comentários do primeiro-ministro polaco dirigidos aos membros da NATO e feitos antes de uma reunião de ministros da Aliança Atlântica. Daqui a uns meses pode ser tarde para reagir, diz Morawiecki.
O primeiro-ministro polaco defende que os aliados da NATO têm de “ligar os pontos” e “acordar” para as tentativas da Rússia de desestabilizar a região. Os acontecimentos recentes, afirmou Mateusz Morawiecki numa entrevista à BBC, mostram que o Kremlin e os seus aliados querem “mudar o sistema geopolítico” e “desunir” a União Europeia.
Morawiecki enumerou a mobilização de forças russas junto à Ucrânia, a subida dos preços do gás e a crise na fronteira da Polónia com a Bielorrússia como exemplos.
Falando horas antes de uma reunião de ministros de Negócios Estrangeiros da NATO, o chefe de Governo polaco defendeu que ainda “não é demasiado tarde para agir” mas daqui a alguns meses poderá ser. “Coisas más podem acontecer na Ucrânia, por exemplo, ou pode haver outro grande problema de migração que afecte toda a Europa”, afirmou.
Os líderes europeus acusaram a Bielorrússia de ter criado artificialmente uma crise na sua fronteira com a Polónia, incentivando as viagens de requerentes de asilo (sírios, iraquianos e iemenitas, principalmente) para Minsk e encaminhando-os depois para tentarem passar para território da UE através da Polónia (e, em menor número, das fronteiras da Lituânia e da Letónia).
Como outros responsáveis, Morawiecki disse acreditar que o “perpetrador imediato” por trás da crise na fronteira foi o líder bielorrusso, mas que Alexander Lukashenko, tem no Kremlin “o seu principal patrocinador”, Vladimir Putin. “Postas juntas, todas as peças do puzzle apresentam uma imagem que não é muito boa”, concluiu.
Para Morawiecki, a propaganda russa está a “tentar pôr uma enorme pressão sobre a União Europeia para que se desintegre”, tentando semear a discórdia entre os líderes dos Estados-membros.
Os ministros da NATO, incluindo o secretário de Estado norte-americano, Anthony Blinken, vão reunir-se esta terça-feira em Riga, na Letónia. Antecipando a reunião, o secretário-geral da mais importante aliança de defesa, Jens Stoltenberg, descreveu o aumento da presença militar russa perto da fronteira da Ucrânia como “pouco comum” e “muito preocupante por várias razões”.
“A mensagem para a Rússia e que deveriam desacelerar, reduzir as tensões e ser transparentes”, disse Stoltenberg no domingo.
Blinken tem manifestado a preocupação dos Estados Unidos com a situação na fronteira da Ucrânia, descrevendo movimentos de tropas “pouco habituais”. O receio dos EUA, afirmou o secretário de Estado a meio do mês, é “que a Rússia cometa o grave erro de tentar reproduzir o que fez em 2014, quando reuniu as suas forças ao longo da fronteira e entrou em território ucraniano, alegando falsamente ter sido provocada”.
Já no final da semana passada, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, disse ter informações sobre uma tentativa de golpe de Estado com o apoio da Rússia. “Fui informado que um golpe de Estado acontecerá no nosso país a 1 ou 2 de Dezembro”, afirmou. O Kremlin negou estar envolvido ou ter intenções de participar em tais acções.