O adeus de Frank Williams, uma das grandes lendas da Fórmula 1
Dominou a principal modalidade do desporto automóvel durante décadas, deixando um legado único. Frank Williams morreu este domingo, com 79 anos.
Consta que aos dez anos de idade Frank Williams já conseguia enumerar rigorosamente as especificações técnicas de quase todos os carros que surgiam nas revistas semanais da especialidade, que obrigava a mãe a comprar. O seu fascínio e curiosidade pelos automóveis, especialmente os desportivos e os mais elegantes, eram insaciáveis. Na escola, procurava sempre boleias dos pais dos colegas mais ricos e com melhores carros em vez de apanhar o comboio. Poupava dinheiro e vivia profundamente cada experiência.
Muito antes da idade legal para ter carta, não perdia uma oportunidade para conduzir o Morris Mini 1000 da mãe em terrenos de terra batida. Aos 17 anos, abandonou o ensino e foi empregar-se como estagiário num revendedor de veículos comerciais em Nottingham, poupando todos os cêntimos que conseguia para pagar 350 libras por um Austin A35, que adaptou para as corridas amadoras. Foi o arranque de uma longa carreira no desporto automóvel, que ultrapassou largamente tudo aquilo que alguma vez sonhou, alcançando o estatuto de lenda muito antes da sua morte, este domingo, aos 79 anos.
“Desfrutei de uma vida de grande fortuna graças ao encontro e ao prazer que tive nos compromissos com estadistas, desportistas, líderes empresariais e todos os tipos de adeptos da nossa modalidade. Tem sido um estímulo constante para mim”, disse em Maio de 2009, no prefácio da sua biografia, Williams, da autoria do jornalista Maurice Hamilton.
Sir Frank Williams foi um dos mais carismáticos e bem-sucedidos nomes da história da Fórmula 1. O próprio sempre assumiu a sua enorme paixão pelo automobilismo de velocidade que o levou a fundar, em 1966, a Frank Williams Racing Cars. Uma escuderia que liderou durante décadas e levou ao topo da modalidade. Nunca escondeu, por vezes de forma brutalmente honesta, que a colocou muitas vezes à frente da família.
Foi nove vezes campeão mundial de construtores, conquistando sete títulos de pilotos e trabalhando com grandes nomes como Nélson Piquet, Nigel Mansell, Alain Prost ou Ayrton Senna.
Nascido em 1942, em South Shields, Inglaterra, foi piloto, mecânico e vendedor. Juntou dinheiro para criar a equipa com o seu nome, com a qual festejou 114 vitórias em grandes prémios, num total impressionante de 313 pódios.
Fintou também a morte a 6 de Março de 1986, após um grave acidente automóvel numa estrada francesa, que o deixou paraplégico, atirando-o para uma cadeira de rodas. Prosseguiu ao comando da sua Williams Racing até 2012, altura em que foi substituído executivamente pela sua filha Claire Williams. Foi-se progressivamente afastando do dia-a-dia da equipa, que seria vendida em 2020, depois de um prolongado declínio e vários fracassos desportivos.
“Sir Frank Williams foi uma das pessoas mais gentis que tive o prazer de conhecer neste desporto, sempre teve tempo para mim e sempre sem julgamento. Sinto-me honrado por tê-lo chamado de amigo”, afirmou este domingo o heptacampeão mundial Lewis Hamilton. “Tenho o maior respeito e amor por este homem, e seu legado viverá para sempre.”