Manuscrito de Einstein sobre teoria da relatividade leiloado por 11,6 milhões de euros

O documento permite ver que até Einstein, que personifica popularmente a ideia de génio, se enganava.

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Uma das 54 páginas do documento escrito por Albert Enstein e Michele Besso entre Junho de 1913 e início de 1914, que revela uma fase crucial do desenvolvimento da teoria da relatividade geral ANTONY PAONE/REuters
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ANTONY PAONE/Reuters

Um manuscrito do físico Albert Einstein sobre a teoria da relatividade geral foi vendido em leilão em Paris por um valor recorde de 11,6 milhões de euros, noticiou a agência AFP.

Os registos anteriores de um manuscrito de Einstein foram de 2,8 milhões de dólares (2,4 milhões de euros) em 2018, por uma carta sobre Deus, e 1,56 milhões de dólares (1,39 milhões de euros) em 2017, em Jerusalém, por uma carta sobre o segredo da felicidade.

O documento vendido na terça-feira tinha sido avaliado entre dois e três milhões de euros. Ao contrário dos outros dois, que também bateram recordes, este é um documento de trabalho científico, o que o torna raro.

Trata-se de um documento de 54 páginas escrito em 1913 e 1914, em Zurique (Suíça), pelo físico nascido na Alemanha e o seu colega e amigo Michele Besso, um engenheiro suíço. Cerca de metade das 54 páginas estão cheias de notas escritas à mão por Einstein. É apenas um dos dois documentos de trabalho conhecidos em que o físico aborda a sua famosa teoria da relatividade geral. Publicada em 1915, Einstein revolucionou a física moderna quando descreveu a gravitação como um encurvamento do espaço e do tempo – uma descoberta que continua a manter-se válida.

“Os documentos científicos de Einstein deste período, e em particular de antes de 1919, são extremamente raros”, disse Vincent Belloy, perito da leiloeira Christie’s. “Einstein era alguém que mantinha poucas notas, por isso o simples facto de o manuscrito ter sobrevivido até nós torna-o absolutamente extraordinário.”

Preenchido principalmente por inúmeros cálculos com uma tinta preta num papel enrugado ligeiramente amarelo, o manuscrito desafia a ideia popular de que Einstein era um grande génio, uma vez que revela que até ele – pelo menos algumas vezes – também se enganava.

“Einstein fez erros no seu manuscrito e eu penso que isso, de certa forma, ainda o torna maior, porque vemos a persistência, vemos o processo de pensamento a ser corrigido e redireccionado”, acrescentou Vincent Belloy, citado pela agência Reuters.

Em Maio, uma carta manuscrita em que Einstein mencionava a sua famosa equação E=mc², que consta na teoria da relatividade restrita (de 1905), foi vendida por um milhão de euros nos Estados Unidos. Este valor foi três vezes superior ao preço estimado. A Christie’s não divulgou o nome do comprador do manuscrito agora leiloado.