Rio quer “nova maioria sem linhas vermelhas” no diálogo “à esquerda ou à direita”

Moção de estratégia global do actual líder e recandidato ao cargo é entregue esta segunda-feira.

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Rui Rio reitera que as eleições se ganham ao centro Nuno Ferreira Santos

Eleito pela primeira vez em 2018 e reconfirmado em 2020, Rui Rio importou o trabalho dos seus últimos anos de liderança do PSD para a sua moção de estratégia global. O texto, divulgado este domingo pela candidatura de Rio, propõe uma linha política de abertura ao diálogo e ao compromisso “à esquerda ou à direita” tendo em vista o pós-legislativas de 30 de Janeiro: uma “nova maioria” sem “linhas vermelhas”. 

“Importa construir uma nova maioria sem linhas vermelhas assente no diálogo e no compromisso, à esquerda ou à direita, cujo único limite será o da moderação, do respeito pelas instituições constitucionais e o do superior interesse nacional”, lê-se na moção de estratégia global de Rui Rio como candidato à liderança do PSD. O texto – assim como o mínimo de 1500 subscrições exigidas – é entregue amanhã, o último dia do prazo limite, pelo director de campanha, Salvador Malheiro, já que o líder estará na Madeira.

O contraste com o que tem defendido o seu adversário interno, Paulo Rangel, é evidente. O eurodeputado tem pedido uma “maioria absoluta” para o PSD, admite a possibilidade de entendimentos à direita com CDS e IL, mas não abre o jogo sobre a eventual necessidade de um acordo com o PS. 

No texto, Rui Rio começa por recordar a última moção com que se apresentou como candidato à liderança e que foi aprovada no congresso em 2020, e em que já traçava como meta a “ambição de um resultado vitorioso” nas eleições autárquicas de 2021 e a preparação de uma “alternativa ao Governo do PS”. Esse cenário colocou-se mais cedo do que o esperado, mas o actual líder conclui que “o PSD construiu a alternativa” e que se “preparou” para governar Portugal.

Apresentada como uma “a continuidade de uma opção estratégica” assumida desde 2018, a moção faz um balanço dos últimos actos eleitorais – nas regiões autónomas da Madeira, dos Açores (“interrompeu a sucessão de vitórias do PS”), nas presidenciais (onde contribuiu para a “reeleição de Marcelo Rebelo de Sousa”) e nas autárquicas onde “sem ter ganho as eleições” obteve um “resultado politicamente vitorioso que se traduziu no aumento significativo de mandatos de juntas de freguesia, de câmaras municipais e da maioria capitais de distrito, com destaque, pelo seu simbolismo, do município da capital, Lisboa”.

As próximas eleições legislativas são apontadas como “uma oportunidade de quebrar o ciclo de hegemonia do PS e dos partidos à sua esquerda” mas sem esquecer o contexto da crise pandémica, da recuperação económica com uma “conjuntura internacional adversa” e uma crise social. Rui Rio insiste, tal como já defendia anteriormente, que “as próximas eleições decidir-se-ão ao centro do espectro político-partidário”. O seu mote de campanha como candidato em 2020 já era “Portugal ao centro”, um slogan que continuou a usar. 

Perante a actual situação política de falhanço da solução da maioria de esquerda, Rio recupera a mesma ideia. “É esse centro político que determinará qual das opções vingará: ou a continuidade das políticas de esquerda que têm conduzido ao empobrecimento relativo do nosso país face aos nossos parceiros europeus, ou a mudança para uma política de libertação da economia e da sociedade portuguesas de forma a retomar um crescimento mais rápido e competitivo que permita criar mais riqueza, melhores salários e mais oportunidades que respondam às aspirações pessoais e sociais dos portugueses”, lê-se no texto.

O actual líder não deixa de criticar a opção de Paulo Rangel em eleger a mobilidade social como um dos seus desígnios. “Se à esquerda imperou a retórica das desigualdades sociais, não a poderemos substituir pela retórica alternativa da mobilidade social. Estes dois problemas característicos da sociedade portuguesa só podem ser superados com a produção de riqueza que crie mais e melhor emprego, melhores salários e melhores oportunidades para todos os portugueses”, defende.

A moção remete não só para os documentos idênticos anteriores bem como o programa eleitoral do PSD às legislativas de 2019 e outras propostas produzidas pelo conselho estratégico nacional. Tal como o actual líder tem defendido, o texto identifica desafios em várias áreas: a estagnação da economia, a demografia, a degradação dos serviços públicos, a habitação e infra-estruturas, educação e reforma do sistema político. A moção tem como título “Governar Portugal”. Mas para já Rui Rio e Paulo Rangel vão a votos entre os militantes do PSD, no próximo sábado, dia 27. 

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