Covid-19: autoridades austríacas detêm três jovens que planeavam emboscar e deitar fogo a polícias

Dois adolescentes e um jovem de 20 anos, detidos para interrogatório por deitarem fogo a um carro da polícia, confessaram que queriam atacar agentes este sábado, nos protestos contra o novo confinamento por causa da pandemia.

extremadireita,saude,mundo,austria,europa,vacinas,
Fotogaleria
Pelo menos dez pessoas foram detidas no protesto em Viena LEONHARD FOEGER/Reuters
extremadireita,saude,mundo,austria,europa,vacinas,
Fotogaleria
CHRISTIAN BRUNA/EPA
extremadireita,saude,mundo,austria,europa,vacinas,
Fotogaleria
Uma forca com um boneco enforcado e a frase em latim sic semper tyrannis que significa "assim sempre aos tiranos" CHRISTIAN BRUNA/EPA
Viena
Fotogaleria
LEONHARD FOEGER/Reuters
extremadireita,saude,mundo,austria,europa,vacinas,
Fotogaleria
CHRISTIAN BRUNA/EPA

Três jovens de Linz admitiram à polícia que tinham como plano, para as manifestações deste sábado contra o novo confinamento na Áustria por causa da covid-19, emboscar polícias e deitar-lhes fogo. Segundo as autoridades, os dois adolescentes e o jovem de 20 anos fazem parte de um grupo que vem provocando constantemente a polícia no Sul de Linz nas últimas semanas.

Isto é de “uma perfídia que nunca tínhamos assistido”, disse o director da polícia estadual, Andreas Pilsl numa conferência de imprensa na sexta-feira. O grupo de que fazem parte os três adolescentes detidos vangloria-se do seu comportamento em vídeos e nas redes sociais. Ao todo, são cerca de 20 indivíduos que a polícia quer agora identificar, diz a Deutsche Welle.

“O facto de agentes da polícia estarem a ser deliberadamente atraídos para emboscadas faz lembrar mais Berlin Kreuzberg que Linz”, acrescentou Pilsl, referindo-se ao bairro da capital alemã onde as manifestações costumam redundar em violência.

Um dos adolescentes, de 16 anos, incendiou no domingo um veículo da polícia e disse aos agentes que o interrogaram que o grupo o tinha incentivado. Karl Pogutter, comandante da polícia de Linz, afirmou em conferência de imprensa que o jovem regou o carro-patrulha com gasolina que levava numa garrafa, ajudado pelos dois cúmplices, tendo um deles filmado a cena e publicado os vídeos online.

Foram aliás os vídeos e informação de testemunhas que permitiram à polícia descobrir os três jovens, que foram detidos, interrogados e as suas casas alvo de buscas, de acordo com a porta-voz do Ministério Público, Ulrike Breiteneder, citado pelo News.in-24.

Milhares nas ruas

Milhares de pessoas juntaram-se este sábado em Viena, a polícia fala em 30 mil, para protestar contra as medidas de restrição por causa da pandemia, depois de a Áustria se ter tornado na sexta-feira no primeiro país europeu a decretar um novo confinamento, devido aos números preocupantes de novos casos de infecção no país.

Depois de impor na segunda-feira um confinamento nacional apenas para os não vacinados (cerca de dois milhões de pessoas), o chanceler austríaco Alexander Schallenberg anunciou, na sexta-feira, a extensão das medidas restritivas a toda a população até 13 de Dezembro.

Desde a Primavera de 2020 que a Áustria não tinha níveis tão altos de novas infecções, com mais de dez mil novos casos de covid-19 por dia, isto num país que tem uma baixa taxa de vacinação, 66%, inferior à média europeia.

A manifestação deste sábado na capital austríaca foi organizada pelo Partido da Liberdade da Áustria (FPÖ), de extrema-direita, cujo líder, Herbert Kickl não pôde estar presente porque testou positivo para o SARS-CoV-2.

A polícia montou um forte dispositivo de segurança com mais 1300 homens, alguns deles provenientes de esquadras de outros pontos do país. Mais cidades tiveram este sábado iniciativas semelhantes, como Innsbruck, onde milhares de pessoas também foram para a rua.

Na capital austríaca, a manifestação acabou por resultar em violência, com os manifestantes a lançarem bombas de fumo, garrafas e latas contra a polícia. De acordo com o Kroner Zeitung, citado pelo The Local, pelo menos uma dezena de pessoas foi detida.

Os manifestantes reclamam contra a “ditadura do coronavírus” e muitos deles nem sequer usavam máscara que é obrigatória para ajuntamentos com mais de 50 pessoas.

“Não é correcto que sejamos privados dos nossos direitos, afirmava à AFP Katarina Gierscher. “O Governo quer dividir-nos. Temos de nos manter unidos”, acrescentava a professora de 42 anos que fez seis horas de viagem desde o Tirol para estar presente no protesto.

A partir de segunda-feira, os austríacos não podem sair de casa, a não ser para ir às compras, praticar desporto ou ir ao médico. As escolas permanecerão abertas, mas as autoridades de saúde recomendam aos pais que não levem as crianças e que as aulas vão realizar-se sobretudo online.

Para já o confinamento vai até 13 de Dezembro, mas pode ser renovado por mais 20 dias, disse o chanceler austríaco, criticando os partidos políticos que são “veementemente” contra a vacinação.

O Governo já está a preparar legislação para impor a vacinação à população adulta a partir de 1 de Fevereiro de 2022, prevendo sanções para quem não cumprir a lei.

“As próximas semanas vão exigir um grande esforço da nossa parte. Devemos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para diminuir a quarta onda e impedir a próxima”, afirmou, por seu lado, o Presidente Alexander van der Bellen num discurso à nação transmitido pela televisão.

Sugerir correcção
Ler 7 comentários