Agora com mais tempo, Janeiro estreia ao vivo Sem Tempo em Lisboa

Depois de criar um álbum duplo a duas velocidades em 2020 (Sem Tempo/Com Tempo), Janeiro apresenta Sem Tempo este domingo no Tivoli BBVA, em Lisboa, às 21h. Com ele estarão Carolina Deslandes, Miguel Pité, Tiago Nacarato e Paulo Novaes.

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Janeiro (com Daniela Gandra) em Melides DR

Durante a pandemia, Janeiro quis experimentar gravar um álbum duplo onde as mesmas canções tivessem, em cada uma das faces, tratamento distinto. E assim que nasceu Sem Tempo versus Com Tempo (Acústico), cuja face mais electrónica (a primeira) começa agora a ser apresentada ao vivo. O primeiro concerto (adiado que foi o do Porto, dia 16) será em Lisboa, no Tivoli BBVA, este domingo, às 21h. Com Janeiro, a sua banda e quatro convidados: Carolina Deslandes, Miguel Pité, Tiago Nacarato e Paulo Novaes.

O álbum de 2020 teve por base uma experiência musical e temporal, diz Janeiro ao PÚBLICO: “A ideia era a abordagem ser mais despida no Com Tempo e no Sem Tempo ser mais electrónica e ter arranjos mais complexos. Como se um (Sem Tempo) fosse o lado da compressão e do que a rádio pede e o outro (Com Tempo) o que a rádio tem mais pudor em passar. Um exemplo: a minha canção Sem Título não passou na rádio até lhe fazer um arranjo de cordas e a ‘vestir’ numa versão nova, a Sem Título 2.0.”

Sem Tempo e Com Tempo (Acústico) partilham onze canções, com arranjos ou despidas deles: Ter tempo, Amor, Nunca vás embora de mim, Ya ta td bem, P’ra poder brincar, Só se for p’ra alguém, Se me tocas, Solidão, Sem singular, Rir p’ra não chorar e Às vezes o amor. Além delas, há duas que só entram em Sem Tempo (Desapego, parceria de Janeiro com Swillow e Pité; e Peppermint, parceria com Beatriz Novaes e Swillow) e uma que só aparece em Com Tempo (Fanatismo, com poema da Florbela Espanca).

Fugacidade, a sair em 2022

Nascido em Coimbra, em 1994, Janeiro estudou jazz na escola do Hot Clube e musicologia na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas em Lisboa. Lançou um EP aos 20 anos e o primeiro álbum aos 23, Frag.men.tos. Em 2018, desafiado por Salvador Sobral, participou no Festival da Canção desse ano, com a canção (sem título), que depois gravou em Frag.men.tos. A feitura de um álbum como Sem Tempo e Com Tempo (Acústico) andou a par com uma outra experiência, como ele explicou ao PÚBLICO em Julho, e uma soma de paixões: pelo Alentejo, por Daniela Gandra, (sua companheira) e por um novo estilo de vida). E isso, diz agora, está a marcar também o seu futuro:

“Decidi vir viver para Melides, para o meio da floresta, numa casa modular, à procura de um estilo de vida mais saudável, menos urbano-depressivo. E com esta dilatação do tempo devido à pandemia resolvi procurar mesmo uma forma de viver mais devagar e aí comecei a fazer um novo álbum, que vai sair em 2022. Ainda não tenho uma data específica, mas já pus cá fora o primeiro single, que é uma declaração de amor, um tipo de canção que eu nunca tinha feito [Oh meu amor, com videoclipe, lançado em Julho].” Além desta canção, Janeiro já compôs uma outra para o futuro disco: Pensando bem. “É uma canção que explora, mais uma vez, a minha ligação e as referências ao Brasil, conta a participação de quatro amigos brasileiros e deve sair no início de Dezembro.”

O novo álbum de Janeiro já tem título: Fugacidade. Uma palavra nascida destes novos tempos de composição e que joga com dois sentidos, fuga rápida e fuga da cidade.

“Vamos tocar no espaço”

No Tivoli BBVA, Janeiro resume assim o que poderemos ver em palco este domingo: “Vai ser a minha banda a recriar os arranjos electrónicos do Sem Tempo. Vou ter o João Hasselberg no baixo, o Guilherme Salgueiro nas teclas e o Pedro Costa na bateria. Os arranjos vão ser revestidos de uma forma mais orgânica, ainda assim electrónica, mas a ideia é ser uma coisa live, porque o disco tem muita coisa construída em estúdio. Será música ao vivo, mesmo, como eu sempre habituei as pessoas.”

E haverá também um trabalho original de cenografia. “Estou cada vez mais a ver a música de uma forma sinestésica e estou a explorar a parte imagética da música. Aqui estamos a trabalhar com dois artistas plásticos, o Frederico Pauleta e o Pedro do Vale, num cenário de recriação da superfície lunar para esta tour. Vamos tocar no espaço – sem tempo, mesmo.”

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