Com o DogPhone, é o cão que escolhe quando ligar aos donos

Para fazer uma videochamada, o cão tem de pegar na bola que envia um sinal para o computador, que inicia a ligação. Depois, cabe ao tutor atender. É a proposta de uma investigação que quer “dar ao animal controlo e representação na tecnologia na sua casa”.

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O labrador Zack dr

Pôr a escolha também nas patas do cão, não fosse a comunicação uma estrada de dois sentidos — é este o ponto principal do DogPhone, um dispositivo que permite aos animais de companhia ligar por videochamada aos donos. 

Não é um telefone, mas uma bola que envia um sinal para um computador onde se inicia a videochamada. Depois, cabe ao tutor decidir atender (e quando desligar). A chamada também pode partir do dono, mas o cão continua a ter “escolha” e terá de pegar e abanar a bola equipada com um acelerómetro para atender. 

O DogPhone é a experiência mais recente de Ilyena Hirskyj-Douglas, investigadora em interacção humana com o computador, que acredita que dar aos cães poder de escolha aumenta o seu bem-estar. “Muitas vezes faço videochamadas com a minha família e os seus cães. Mas será que o meu cão também quer fazer uma videochamada comigo ou com outras pessoas/cães?”, perguntou-se. 

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O labrador Zack e a investigadora Ilyena Hirskyj-Douglas, dr

A investigação foi publicada na revista Proceedings of the Association for Computing Machinery on Computer-Human Interactioncom um título que apresenta o objectivo maior da especialista em sistemas interactivos para animais: criar uma internet canina. “Ambos brincamos juntos, passeamos juntos e por isso faz sentido que os sistemas que utilizamos também possam ser utilizados em conjunto por ambos”, escreveu, no blogue que gere.

A investigadora tem experimentado vários dispositivos para cães nos últimos anos, para lhes dar uma escolha sobre que música ouvir, por exemplo, ou quando ligar ao dono. “Há cães treinados para atender chamadas, mas ninguém sabe o que é que um cão faria se tivesse controlo sob uma videochamada”, explica, num vídeo publicado pela Universidade de Glasgow, a que está associada. 

O DogPhone foi inspirado nos brinquedos do cão da investigadora. “Primeiro olhámos para a forma como ele interagia com o mundo e depois começámos a criar dispositivos para ele, a partir da forma como ele interagia com diferentes objectos.” A bola foi a escolha óbvia e o disfarce perfeito para a tecnologia que reconhece o movimento e envia o sinal para a videochamada.

“Inicialmente, foi muito entusiasmante receber as chamadas dele”, diz a investigadora que admite que, às vezes, ficava nervosa quando Zack, um labrador de nove anos, não lhe ligava à hora do dia que costumava ligar. Ilyena Hirskyj-Douglas diz que a mais recente experiência mostra que os “animais podem ser utilizadores activos da tecnologia, podem controlar a tecnologia, só temos de repensar a forma como vemos o futuro da tecnologia para cães”. 

O dispositivo poderá ajudar na ansiedade de separação causada pelo regresso dos donos ao local de trabalho. Por outro lado, poderá tornar o dia de trabalho bem menos produtivo. “Au?”

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