Sintetizado o conhecimento sobre evolução e conservação ecológica na Macaronésia
A presença de espécies introduzidas pelos seres humanos e as mudanças no uso do solo são as principais ameaças à biodiversidade da região da Macaronésia.
Uma revisão completa das descobertas em ecologia, evolução e conservação na Macaronésia – a região do oceano Atlântico onde situam os arquipélagos dos Açores, Madeira, Selvagens, Canárias e Cabo Verde – foi elaborada por uma equipa internacional de 32 investigadores, onde se incluem portugueses.
Esta informação estava até agora “dispersa na literatura” e, por isso, era “urgente” uma sistematização, sublinha em comunicado o Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais (cE3c), da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. O resultado do trabalho foi publicado na revista Frontiers in Ecology and Evolution, onde se reafirma a atractividade desta região para o estudo do funcionamento dos sistemas insulares.
“Conseguimos compilar os avanços mais importantes que já se fizeram na biologia das ilhas da Macaronésia, tanto em termos de biodiversidade terrestre como de biodiversidade marinha”, afirmou o investigador Paulo A. V. Borges, líder do Grupo de Biodiversidade dos Açores do pólo do cE3c na Universidade dos Açores, sobre um trabalho que faz uma comparação actualizada do número de espécies endémicas de animais e plantas existentes em cada arquipélago.
Os investigadores sinalizaram também a ameaça à actual biodiversidade da região da Macaronésia causada pela presença de espécies introduzidas pelos seres humanos que podem entrar no ecossistema destas ilhas.
“As espécies introduzidas, juntamente com as mudanças no uso do solo, constituem duas grandes ameaças a essa biodiversidade. É extremamente importante que os esforços feitos até agora para obter dados sobre a biodiversidade continuem de forma intensa no curto e longo prazo para podermos compreender plenamente os ecossistemas da ilha, bem como as espécies únicas que os habitam”, referiram os responsáveis pelo trabalho de sintetização.
Nesse sentido, os autores deste trabalho manifestaram a expectativa de que esses esforços permitam uma avaliação rigorosa das potenciais ameaças e a consequente definição de respostas a nível de planos de conservação e protecção da biodiversidade.
Paralelamente, outros estudos realizados sobre esta região apontam a Macaronésia como possível ponto de origem da colonização dos continentes europeu e americano, indicando a capacidade de diversas espécies para percorrerem ou serrem transportadas em grandes distâncias.