O que está em causa na polémica das estufas de Inês Sousa Real?

As estufas ou túneis que a família de Inês Sousa Real possui no Barreiro motivaram críticas à líder do PAN, com acusações de incoerência.

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Inês Sousa Real Rui Gaudencio

A líder do PAN e deputada está na actualidade noticiosa desde o fim-de-semana por ter sido proprietária de estufas de frutos vermelhos ao mesmo tempo que critica fortemente essa prática agrícola nas Costa Vicentina. A final, o que está em causa e que justificações dá Inês Sousa Real?

Como nasceu a polémica das estufas de Inês Sousa Real?

Uma carta anónima enviada para os jornais e noticiada pelo jornal Nascer do Sol dava conta que a líder do PAN era proprietária de duas empresas de frutos vermelhos (a Berry Dream e RedFields), na zona do Barreiro, que recorriam ao uso de estufas. Facto que revelaria incoerência política já que é Sousa Real uma dura crítica da exploração intensiva que é feita na Costa Vicentina, no Alentejo, e noutras deste tipo de culturas. Ouvido pelos jornalistas, o secretário-geral da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), Luís Mira, acusou Inês Sousa Real de “enganar as pessoas” por criticar do “ponto de vista ideológico” para depois o fazer a nível particular. Pediu ainda a demissão da líder do PAN.

Que justificação deu a líder do PAN?

Em primeiro lugar alegou que há uma diferença substantiva entre as estruturas agrícolas da sua família e as da Costa Vicentina: no Alentejo existem estufas e as suas são túneis. Ou seja, embora sejam ambas armações de plástico, as do Sul do país são fechadas enquanto as do Barreiro são abertas nos extremos, o que permite “a entrada do ar, circulação de animais, respiração do solo e circulação das águas da chuva”. Por outro lado, Inês Sousa Real alega que as dimensões de umas e outras são totalmente diferentes. Enquanto as da Costa Vicentina ocupam milhares de hectares, as produções da família da deputada ocupam 3,7 hectares num caso e 0,5 noutro. Diz ainda que são usadas práticas ecológicas e que os modos de produção estão certificados com todas as certificações exigidas em Portugal e na União Europeia.

A deputada ainda é proprietária das empresas?

Por associação familiar sim, a nível pessoal não. A deputada foi “sócia da empresa Berry Dream, Lda.”, da qual foi detentora de 50% do capital e sócia gerente até 12 de Outubro de 2013, tendo procedido à passagem de quotas para o marido. Já relativamente à Red Fields, Lda., cuja constituição de sociedade data de Março de 2014, com detenção de 25% do capital social e não tendo nunca exercido funções de sócia gerente, também passou recentemente as quotas para o companheiro.

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