Obra de Álvaro Siza no Parque Oriental deve avançar em 2022

Rui Moreira convidou arquitecto para criar uma estrutura para o parque em Campanhã em 2019, mas pandemia adiou projecto. Pequeno recinto de repouso já está desenhado. Só falta lançar concurso para construção

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Álvaro Siza desenhou um pequeno recinto de repouso coberto para o parque em Campanhã Adriano Miranda

O arquitecto Álvaro Siza já desenhou o recinto de repouso que irá ser instalado no Parque Oriental do Porto e o projecto, anunciado já em 2019, deverá arrancar, finalmente, no próximo ano. O convite ao prémio Pritzker português partiu do presidente da Câmara do Porto, que lhe pediu “uma proposta para um local de repouso, meditação e música, eventualmente”, contou na altura Álvaro Siza. Agora, o arquitecto diz não saber qual o seguimento dado ao assunto. Mas fonte da autarquia garantiu ao PÚBLICO que o projecto não caiu: “O conceito está feito e pronto para ser contratado.”

A pandemia, que parou o país em Março de 2020, travou o avanço deste projecto, neste momento em “banho-maria”, mas com espaço para ser encaixado no orçamento do próximo ano. “Vivíamos uma situação de incerteza por causa da pandemia e era preciso gerir os recursos municipais, porque não sabíamos o que nos esperava”, aponta a mesma fonte.

Álvaro Siza visitou o parque Oriental na companhia de Rui Moreira e do autor do parque, o arquitecto Sidónio Pardal, para estudar em que localização poderia ser interessante instalar a estrutura pedida pelo autarca. “No decorrer da visita desenvolvi a ideia de um pequeno recinto de repouso coberto”, disse ao PÚBLICO Álvaro Siza, acrescentando que “não houve ainda seguimento” do assunto, que dependerá da própria “evolução do parque” definida por Sidónio Pardal. “É tudo o que sei”, rematou o arquitecto.  

Um “prado na zona superior do parque” parece ter colhido preferências do prémio Pritzker, conta fonte da autarquia, acrescentando que o projecto está já nos Paços do Concelho, pronto a originar um concurso. O investimento neste ponto de observação do parque – a componente musical ficou de fora dos planos - deverá ser acolhido pelo orçamento de 2022, ano em que o Parque Oriental poderá ter a nova estrutura em funcionamento.  

Na Câmara do Porto, a ideia deste projecto surgiu pela convicção de que a arte pública é capaz de chamar mais população aos parques. Essa premissa terá mesmo motivado algumas conversas da autarquia com a Fundação de Serralves, para cedência ou venda de peças. Mas os preços proibitivos acabaram por impedir qualquer negócio. E uma criação nacional, com assinatura de um prémio Pritzker, acabou por ser mais apetecível.

A Câmara do Porto quer ter na cidade uma estrutura do mesmo género da que Siza projectou para a Bienal de Veneza, em 2013, ou aquela que desenhou com Souto de Moura, a convite da galeria Serpentine, para o Hyde Park, em Londres, em 2005. Nesses dois casos, porém, as estruturas eram efémeras – embora, em Itália, o pavilhão tenha acabado por ter uma vida mais longa. Para o Porto, Álvaro Siza foi convidado a projectar algo para ficar.

O Parque Oriental, da autoria do arquitecto paisagista Sidónio Pardal, o mesmo autor do Parque da Cidade, viu os seus primeiros dez hectares inaugurados em 2010, duas décadas depois de o então presidente da câmara, Fernando Gomes, ter nomeado aquela obra como estruturante para o Porto. O espaço de declives acentuados teve no final de Outubro de 2019 a inauguração oficial de “mais 180 mil metros quadrados de área”, dispondo agora de “2500 árvores” e diversos passadiços de madeira ao longo do Rio Tinto (já despoluído).

A estrutura de repouso do parque junto à fronteira com Gondomar vem juntar-se às várias obras de Álvaro Siza na cidade, como o Museu de Arte Contemporânea de Serralves, a Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, a Casa Atelier da artista Armanda Passos, o Bairro da Bouça ou a remodelação da Avenida dos Aliados. A última inaugurada pelo arquitecto foi a Casa dos Jardineiros, também em Serralves.

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