Operação Miríade esta sexta-feira no Parlamento
PSD requereu apresentação dos pareceres jurídicos que levaram o ministro Gomes Cravinho a não informar António Costa.
Os contornos da Operação Miríade, a descoberta de uma rede de militares, civis e antigos militares portugueses que se dedicavam ao tráfico de diamantes, ouro, droga e ao branqueamento de capitais a partir da República Centro-Africana, ao abrigo de uma missão de paz da ONU, vão estar em análise esta sexta-feira, no Parlamento.
Ao princípio da tarde desta terça-feira, por decisão unânime dos deputados da comissão parlamentar de Defesa Nacional, foram votados favoravelmente os dois requerimentos apresentados pelo PSD e Bloco de Esquerda. O do maior partido da oposição requeria uma audição muito urgente do ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho.
O requerido pelos bloquistas solicitava uma audição urgente do titular da Defesa, do Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, almirante Silva Ribeiro, e do Chefe do Estado-Maior do Exército, general Nunes da Fonseca. O CEMGFA como responsável das missões das Forças Nacionais Destacadas e o chefe do Exército, hierarquia dos comandos acusados.
Como o PÚBLICO revelou na edição desta terça-feira, as audições do ministro Gomes Cravinho e dos chefes militares decorrerão à porta aberta, portanto com a presença dos órgãos de comunicação, e no âmbito de audição conjunta das três entidades.
Na defesa do seu requerimento, a deputada Ana Miguel Santos, do PSD, referiu-se ao que definiu como “falhas de comunicação interinstitucional” entre o ministro da Defesa e o primeiro-ministro que, por terem existido, não puseram a par da situação o Presidente da República, comandante Supremo das Forças Armadas.
A deputada pretende também saber quais as medidas tomadas depois da descoberta do tráfico, em Dezembro de 2019, para evitar a repetição dos actos criminosos. Ainda assim, a parlamentar juntou um outro requerimento solicitando ao ministro Cravinho a apresentação dos pareceres jurídicos em que fundamentou a sua não comunicação ao primeiro-ministro, António Costa, do sucedido, embora o tenha feito ao chefe das operações militares das Nações Unidas.
Quanto ao deputado João Vasconcelos, do BE, baseou o seu requerimento em dois patamares diferentes. Um estritamente militar sobre a existência, ou não, de medidas de prevenção. “Isto é negativo para os militares, o país e as instituições”, disse. Já noutro aspecto pretende esclarecimentos sobre as opções de contactos do ministro da Defesa Nacional, comunicando à ONU e não alertando o primeiro-ministro, o que impediu o conhecimento do Presidente da República.