Birmânia liberta jornalista norte-americano que foi condenado a 11 anos de prisão

Danny Fenster foi o único jornalista estrangeiro condenado por um crime grave após o golpe de Fevereiro. Desde então, a junta deteve pelo menos 126 jornalistas, dos quais 47 estão ainda na prisão.

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O jornalista norte-americano Danny Fenster com o antigo embaixador dos EUA na ONU Bill Richardson antes de embarcarem no voo para o Qatar EPA/THE RICHARDSON CENTER HANDOUT

O jornalista norte-americano Danny Fenster foi libertado da prisão depois de negociações entre o antigo diplomata norte-americano Bill Richardson e a junta militar que controla o país.

Fenster, 37 anos, tinha sido condenado a 11 anos de prisão na sexta-feira passada. Fora detido em Maio, no aeroporto de Rangum, quando tentava sair da Birmânia e voltar para o Michigan. Foi condenado por incitamento e por violação de leis de imigração e por contacto com organizações ilegais.

A junta impôs grandes restrições aos media desde que tomou o poder em Fevereiro, retirando licenças a publicações, impedindo órgãos de emitir, e detendo ainda pelo menos 126 jornalistas, dos quais 47 estão ainda detidos, segundo a ONU.

Fenster foi o único jornalista estrangeiro a ser condenado por um crime grave desde o golpe. Além da condenação na semana passada, Fenster iria ainda responder a mais duas acusações no âmbito de leis anti-terrorismo e sedição, cada uma com uma potencial pena de prisão perpétua.

O antigo embaixador dos EUA na ONU Bill Richardson, que visitou recentemente a Birmânia, disse que negociou a libertação de Fenster durante encontros com o líder da junta, Min Aung Hlaing (o general está entre várias figuras do regime sujeitas a sanções por países ocidentais). “Este é o dia pelo qual se espera quando se faz este trabalho”, declarou. O Richardson Center publicou uma fotografia dos dois prestes a embarcar num avião, com o Qatar como primeiro destino.

O director da revista em que Fenster trabalha, Frontier Myanmar, Thomas Kean, disse que estava aliviado pela libertação do jornalista, acrescentando que Fenster nunca deveria ter sido preso. “A equipa da Frontier agradece a todos os que trabalharam para assegurar a libertação de Danny durante os últimos cinco meses e meio”.

Mas, acrescentou, “também reconhecemos que Danny é um de muitos jornalistas na Birmânia a ter sido injustamente preso simplesmente por fazer o seu trabalho desde o golpe de Fevereiro” e por isso apelou ao regime militar “para que liberte todos os jornalistas que se mantém atrás de grades”.