Covid-19 em Portugal: 1483 casos e 15 mortes, valor mais elevado em mais de dois meses. Internamentos voltam a subir
Desde o fim de Agosto que não era registado um número tão elevado de mortes diárias: no dia 31 de Agosto foram registadas 27 mortes. O número total de doentes internados voltou a subir nesta sexta-feira e pelo oitavo dia consecutivo. Manuel Carmo Gomes prevê que atingiremos o número médio diário de 2000 casos ainda em Novembro.
Portugal registou, este sábado, 1483 casos de infecção e 15 mortes por covid-19. Desde o fim de Agosto que não era registado um número tão elevado de mortes diárias: no dia 31 de Agosto foram registados 27 óbitos. De acordo com o boletim epidemiológico da Direcção-Geral da Saúde (DGS), que acaba de ser divulgado na tarde deste domingo, o total de vítimas mortais sobe assim para 18.257 e o de infectados ascende a 1.107.488.
O número total de doentes internados voltou a subir nesta sexta-feira e pelo oitavo dia consecutivo. Desde o passado sábado que este indicador tem vindo a subir. Nesse dia, o número total de doentes internados era de 341.
O relatório de situação indica que há agora 465 pessoas internadas, mais 41 do que na actualização anterior, sendo que 75 estão nos cuidados intensivos (mais seis). Desde o dia 28 de Agosto que não era registada uma subida diária tão elevada do número de doentes hospitalizados: nesse dia, também foram internadas mais 41 pessoas nos hospitais. O número total de doentes internados também é o mais elevado desde 20 de Setembro, altura em que estavam hospitalizadas 455 pessoas. Já o número total de doentes em unidades de cuidados intensivos (UCI) é o mais alto desde 26 de Setembro, quando estavam internadas 79 pessoas.
Como estávamos há um ano?
Na primeira quinzena de Novembro de 2020, há precisamente um ano, Portugal estava numa situação bem menos confortável do que está agora. O número de casos diários estava já a aumentar, oscilando, naqueles primeiros quinze dias, entre as 2 mil e as 7500 infecções diárias. No total, foram registados mais de 76 mil casos entre 1 e 15 de Novembro, um número muito mais elevado do que os 16 mil deste ano.
O número de mortes diárias também era muito superior, oscilando entre as 45 e as 91 por dia. No total, em quinze dias, morreram cerca de 928 pessoas. Até agora, no mês de Novembro de 2021, morreram 100 pessoas por causa da covid-19. O número de doentes internados nos hospitais seguia uma trajectória semelhante. A 1 de Novembro de 2020, Portugal tinha 2255 pessoas internadas (294 nos cuidados intensivos). A 15 de Novembro, este indicador já tinha ultrapassado a casa dos 3 mil (e cerca de 400 doentes estavam nos cuidados intensivos).
Há que relembrar, ainda, que em Novembro de 2020 Portugal (e restantes países da UE) não tinha ainda iniciado a campanha de vacinação, que viria a ter início mais de um mês e meio depois. A 27 de Dezembro, Portugal começou o processo ao vacinar os profissionais de saúde mais expostos ao vírus. Agora, quase um ano volvido, 86% da população portuguesa elegível para receber a vacina já está imunizada e 87% tem pelo menos uma dose.
Ao PÚBLICO, o epidemiologista Manuel Carmo Gomes diz que a situação epidemiológica do país se mantém igual ao início da semana, altura em que, juntamente com o matemático Carlos Antunes, divulgou um ensaio sobre os próximos meses no que toca à covid-19.
“Estamos em crescimento exponencial desde Outubro. A incidência vai continuar a crescer e, de momento, não é possível dizer onde será o pico. Prevemos, presentemente, que atingiremos o número médio diário de 2000 casos ainda em Novembro”, refere Carmo Gomes. “Quando o número de casos aumenta muito, há sempre impacto hospitalar e óbitos. Alguns dos mais idosos com comorbilidades adoecem com gravidade. A proporção destes é, evidentemente, muito inferior à da situação pré-vacinação.”
O epidemiologista diz ainda que a contagiosidade da variante Delta (originária da Índia) “é demasiado elevada” para que se consiga travar a sua propagação sem uma combinação de elevada protecção vacinal e de medidas de distanciamento. “Daí a necessidade de o reforço da vacinação avançar depressa”, recorda.
Lisboa e Vale do Tejo com 33% dos novos casos
Voltemos aos números deste sábado. Existem, agora, mais 462 casos de recuperação, num total de 1.051.300 recuperados desde o início da pandemia. Existem mais 1006 casos activos, o que significa que 37.931 portugueses ainda lidam com a doença. Há agora mais 387 contactos em vigilância pelas autoridades de saúde, num total de 32.005.
A maior parte dos casos foi registada em Lisboa e Vale do Tejo (498 novas infecções ou 33,5%), na região Norte (388 novos casos ou 26,1%) e no Centro (329 casos ou 22,1%).
Lisboa e Vale do Tejo é a região com o maior número de casos acumulados e de mortes do país: há 427.117 casos confirmados e 7764 óbitos (dois em 24 horas). O Norte é a segunda: são 420.372 os registos de infecção e 5620 mortes por covid-19 (quatro em 24 horas). O Centro contabiliza 151.007 infecções e 3205 mortes (mais sete). O Alentejo totaliza 40.769 casos (46 novos) e 1056 mortes. No Algarve, há 45.262 casos de infecção (mais 145) e 489 óbitos (mais dois). A Madeira regista 13.339 casos de infecção (62 novos) e 76 mortes. Já os Açores somam 9622 casos (mais 15) e 47 mortes.
Os dados do relatório da DGS indicam que, do total de mortes registadas, 9565 são homens e 8692 são mulheres. Das 18.257 pessoas que morreram até à data de covid-19 em Portugal, 11.913 tinham mais de 80 anos, o que corresponde a 65,2%. Das 15 mortes contabilizadas este sábado, oito foram registadas na faixa etária acima dos 80 anos, três na faixa etária entre os 70 e os 79 anos e quatro na faixa etária dos 60 aos 69 anos.
Os indicadores da matriz de risco, que monitoriza a evolução da situação epidemiológica no país, são iguais ao do boletim de sábado, uma vez que estes indicadores só são actualizados nos boletins de segunda, quarta e sexta-feira.
Segundo os últimos dados, Portugal está agora entre a “zona laranja” e a “zona vermelha” da matriz: o índice de transmissibilidade do vírus — designado por R(t) — subiu para 1,15 a nível nacional e no continente (estava nos 1,12 na última actualização, divulgada na quarta-feira). Também a incidência acompanhou esta tendência de subida: há agora 134,2 casos de covid-19 por 100 mil habitantes a 14 dias, número que cai para 133,3 se não incluirmos nesta contabilização as regiões autónomas.