Mário Mourão na calha para substituir Carlos Silva na UGT

Sindicalistas socialistas da UGT elegeram presidente em congresso. José Luís Carneiro critica antigos parceiros do PS: é “incompreensível” que responsabilizem o único partido que votou a favor do orçamento pelo seu chumbo.

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Ana Catarina Mendes, líer da bancada do PS, falou no encerramento do congresso Rui Gaudencio

O sindicalista Mário Mourão, presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Sector Financeiro de Portugal, deverá ser o próximo secretário-geral da UGT a partir da Primavera de 2022, substituindo Carlos Silva, depois de ter sido eleito neste sábado presidente da Tendência Sindical Socialista (TSS). A eleição do líder da central sindical só acontece em Abril do próximo ano, mas tradicionalmente é o presidente da tendência socialista a ocupar esse lugar. Carlos Silva, que dirige a UGT desde 2013 (na altura substituiu João Proença), anunciou já no início de 2020 que não tencionava recandidatar-se.

Nesta eleição, que pela primeira vez contou com dois candidatos, ficou pelo caminho José Abraão, secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública (Sintap) e da Federação Sindical da Administração Pública (Fesap), que se senta à mesa das negociações com o Governo e que tem sido uma voz crítica das políticas do Executivo em relação à administração pública.

No encerramento do congresso, a líder parlamentar do PS, Ana Catarina Mendes, defendeu as políticas do Governo sobre salários e combate à precariedade e o seu papel no pilar europeu dos direitos sociais. A deputada vincou que tem sido o PS a dar resposta à necessidade de aumento dos salários e quando hoje ouve “dirigentes de outros partidos [Rui Rio e Paulo Rangel] defenderem a valorização salarial” não se esquece que “no passado recente os salários foram violentamente cortados” quando o partido que integram estava no poder.

“Todos devemos estar de acordo numa valorização não apenas do salário mínimo nacional mas de todos os salários (...) dos mais baixos aos mais altos, mas sobretudo dos intermédios. É um desafio dos sindicatos e de todos os responsáveis políticos.” 

A líder da bancada socialista defendeu ainda a Agenda do Trabalho Digno dizendo ser “fundamental” para combater a precariedade, e lembrou que o documento “não teve o acordo total da UGT e da TSS”, acrescentando ser preciso “voltar rapidamente” à discussão do seu conteúdo para o aplicar. Ana Catarina Mendes sublinhou ainda que o PS “tem sabido valorizar o mundo do trabalho, a negociação colectiva, a concertação social e o papel dos sindicatos perante os movimentos inorgânicos”.

De manhã, na abertura do congresso, o secretário-geral-adjunto elogiara os avanços que a governação socialista trouxe ao país em direitos e rendimentos desde 2015 e também o que o Governo desenhara para o orçamento do próximo ano. “Foi feito um esforço imenso, genuíno, autêntico, verdadeiro, de boa-fé, para apresentar uma proposta de orçamento que correspondesse ao crescimento económico do país e também de desafogo das famílias pela via fiscal”, que valorizasse o investimento público e aumentasse o salário mínimo, defendeu José Luís Carneiro.

O número dois do PS lamentou que tenha havido “quem procurasse colocar a discussão fora do orçamento” quando o Governo procurou sempre ir mais além. “Fomos ainda mais longe para viabilizar e, por isso, é incompreensível que haja quem queira responsabilizar o único partido que votou a favor do orçamento pelo chumbo desse orçamento”, apontou José Luís Carneiro depois de elencar uma série de medidas (boa parte delas também pedidas pelos sindicalistas já que são relativas ao pacto laboral) que o Executivo foi sucessivamente anunciando nos dias antes da discussão e chumbo do diploma no Parlamento. O dirigente socialista revelou ainda que os esforços de negociação foram feitos “até ao sábado da véspera do debate no Parlamento” – o dia que PCP e Bloco passaram na residência do primeiro-ministro em reuniões.

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