Covid-19. Confinamento na Áustria para quem não é vacinado “está por dias”, avisa chanceler
O país tem a taxa de vacinação mais baixa dos países da Europa ocidental, à excepção do Liechtenstein, com 65% da sua população vacinada. Alexander Schallenberg diz que a taxa é “vergonhosamente baixa”.
A Áustria está a dias de colocar milhões de pessoas não totalmente vacinadas contra a covid-19 em confinamento. A decisão surge numa altura em que as infecções diárias chegaram a novos máximos e as unidades de cuidados intensivos estão numa situação cada vez crítica, disse o chanceler Alexander Schallenberg nesta quinta-feira.
Cerca de 65% da população da Áustria está totalmente vacinada contra o novo coronavírus, de acordo com as estatísticas nacionais. O país tem a taxa de vacinação mais baixa dos países da Europa ocidental, à excepção do Liechtenstein, de acordo com os dados do Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças.
Muitos austríacos mostram-se cépticos quanto à vacinação, encorajados pelo FPÖ (Partido da Liberdade), de extrema-direita, a terceira força política do Parlamento.
No plano do Governo contra a covid-19, acordado em Setembro, lê-se que assim que 30% das camas em cuidados intensivos fossem ocupadas por doentes com covid-19, os que escolheram não se vacinar seriam colocados em confinamento, com restrições aos seus movimentos diários. Actualmente, os cuidados intensivos estão ocupados a 20% com doentes covid-19 e essa percentagem está a aumentar rapidamente.
“De acordo com o plano, temos apenas dias até termos de introduzir o confinamento para pessoas não vacinadas”, disse Schallenberg numa conferência de imprensa, acrescentando que a taxa de vacinação da Áustria é “vergonhosamente baixa”.
Um confinamento igual ao de 2020
O governo, liderado por conservadores, disse na sexta-feira que iria proibir os não vacinados de acederem a restaurantes, teatros, teleféricos de estâncias de esqui e fornecedores de serviços pessoais, como cabeleireiros.
“Um confinamento para os não vacinados significa que não se pode sair de casa a menos que se vá trabalhar, fazer compras (para o essencial), esticar as pernas — ou seja, exactamente o que todos tivemos de sofrer em 2020”, disse Schallenberg, referindo-se aos três confinamentos nacionais do ano passado.
O aumento de casos na Áustria surge numa altura em que vários estados da Europa de Leste, com as mais baixas taxas de vacinação do continente, estão a registar alguns dos mais elevados números diários de mortes per capita do mundo.
Nos Países Baixos, alguns peritos recomendaram, na quinta-feira, um novo confinamento parcial de duas semanas — o primeiro da Europa Ocidental desde o início das campanhas de vacinação em massa. Outros países começaram a exigir certificados de vacinação para entrar em espaços públicos.
A Áustria, pelo contrário, quer evitar impor restrições adicionais àqueles que estão totalmente vacinados.
Após o anúncio de Schallenberg, o governador da província da Alta Áustria, um reduto do FPÖ que tem a menor taxa de vacinação e a maior taxa de infecção das nove províncias da Áustria, disse que planeia introduzir um confinamento para os não vacinados já na segunda-feira.
Este confinamento será introduzido “desde que haja luz verde legal do governo federal e/ou se crie a base jurídica para tal”, disse o Governador Thomas Stelzer, acrescentando que a situação na sua província é “dramática”.