Rui Oliveira e Costa, antigo deputado do Partido Social Democrata (PSD) e ex-membro do Conselho Leonino, um cargo em que pôde levar à prática a paixão pelo Sporting, morreu nesta terça-feira, aos 73 anos, em Lisboa, vítima de doença prolongada. 

Oliveira e Costa teve um percurso dividido por diversas frentes, a começar pela política. Desempenhou o cargo de deputado nas III e IV Legislaturas, inicialmente no grupo parlamentar do PSD e mais tarde como independente, tendo também integrado a comissão nacional do partido. Fez, ainda, parte do Secretariado Nacional da UGT (União Geral de Trabalhadores).

A sua ligação ao universo da política, porém, não se esgotou no trabalho partidário. Assumiu as funções de docente, tendo leccionado Ciência Política e Relações Internacionais na Universidade Lusófona, para além de ter desempenhado o papel de administrador e responsável técnico da Eurosondagem, empresa responsável pelas várias projecções dos resultados eleitorais realizadas ao longo dos últimos anos.

Na qualidade de autor, escreveu ainda o livro Lei Eleitoral para a Assembleia da República - Proposta de Configuração de Círculos Uninominais, dando largas a um conhecimento acumulado da realidade política, social e geográfica do país.

Fora do espectro político, o futebol e o Sporting, em particular, eram um universo de eleição. Para além de ter feito parte do Conselho Leonino, a partir de 1997, assumiu as rédeas do Jornal Sporting em 1998 (uma passagem efémera, de resto), sempre na qualidade de sócio número 11231 do clube.

Mas a defesa dos interesses do emblema de Alvalade foi também feita na praça pública, em diferentes espaços de comentário desportivo. Neste domínio, integrou durante um longo período o programa Trio d’Ataque, da RTP, e interveio activamente na vida do clube, enquanto associado. Contributo reconhecido nesta terça-feira pela direcção do Sporting, através de uma mensagem de condolências.

Ferro Rodrigues relembra “homem afável"

O presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, recordou Rui Oliveira e Costa como “um homem comprometido com a democracia e um lutador incansável pelos direitos dos trabalhadores”, manifestando assim pesar pela morte do antigo deputado.

“Homem afável, conversador, que tive o privilégio de conhecer e ter como amigo ao longo de mais de 60 anos, desde que nos encontrámos na Tentadora, em Campo de Ourique, Rui Oliveira e Costa era um homem comprometido com a democracia e um lutador incansável pelos direitos dos trabalhadores, tendo sido deputado à Assembleia da República, membro do Secretariado Nacional da UGT desde o primeiro congresso, bem como membro do Conselho Económico e Social e da Comissão Permanente da Concertação Social”, escreveu Eduardo Ferro Rodrigues, numa nota enviada à agência Lusa.

Eduardo Ferro Rodrigues endereçou “as mais sentidas condolências”, em seu nome e em nome da Assembleia República.

O presidente da Assembleia da República lembrou ainda que Rui Oliveira e Costa “foi também membro das Comissões de Honra das candidaturas presidenciais de Mário Soares, em 1986 e 1991, e de Jorge Sampaio, em 1996 e 2001”.

Numa nota publicada no Facebook, João Soares, antigo presidente da Câmara de Lisboa e ministro da Cultura socialista, descreveu Rui Oliveira e Costa como “um homem cordial, com elevado sentido de fraternidade”, recordando as eleições presidenciais do seu pai, Mário Soares, em 1986.

“Lembro-me do papel que teve nas presidenciais de 1986 quando se afastou do PSD e apoiou o meu pai. Depois veio para o PS onde foi um militante activo. Como também na UGT onde com Torres Couto e João Proença teve um papel muito importante”, adiantou.