Covid-19. Pandemia continua com “intensidade reduzida”, mas aumento de casos já teve impacto nos internamentos
Aumento de casos de covid-19 não teve impacto na mortalidade associada à doença. Se o Rt(t) não continuar a baixar, DGS e INSA estimam que o limiar de 240 casos possa ser ultrapassado em dois a quatro meses. Na semana anterior este prazo era mais curto, entre um a dois meses.
A actividade epidémica da covid-19 em Portugal continua com “intensidade reduzida”, mas com “tendência crescente a nível nacional”, de acordo com o relatório de monitorização das “linhas vermelhas” divulgado esta sexta-feira pela Direcção-Geral da Saúde (DGS) e pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA). E esta “tendência crescente” já está a ter impacto no número de doentes internados nos cuidados intensivos.
O aviso foi deixado na passada sexta-feira pela DGS e INSA: a semana que se seguia ia ser decisiva para perceber se estávamos perante uma “inversão da tendência e início de fase de crescimento nos internamentos em UCI [unidades de cuidados intensivos]”, cenário que, segundo o relatório desta sexta-feira, já se verifica.
Portugal tinha, na quarta-feira, 73 doentes internados em unidades de cuidados intensivos (UCI). “Este valor corresponde a 29% do limiar definido como crítico de 255 camas ocupadas. Nas últimas semanas, este indicador tem vindo a assumir uma tendência crescente (mais 22% em relação à semana anterior)”, lê-se no relatório.
A região de Lisboa e Vale do Tejo é a que tem mais doentes internados nestas unidades (27), seguida do Norte (20) e do Centro (12). O grupo etário com maior número de casos de internamento em UCI é o dos 60 aos 79 anos (43 casos) e apresenta “uma clara tendência crescente nas últimas semanas”, assim como o grupo etário dos 40 aos 59 anos.
Por outro lado, o aumento de casos não teve, para já, impacto na mortalidade associada à doença. A mortalidade específica por covid-19 situa-se nos 6,4 óbitos em 14 dias por um milhão de habitantes, uma diminuição de 16% relativamente à semana anterior. Este indicador apresenta uma tendência decrescente e o valor continua a ser inferior ao limiar de 20 óbitos definido pelo Centro Europeu de Controlo de Doenças (ECDC).
Incidência a subir
A incidência da doença a 14 dias (ou seja, o número de casos detectados por 100 mil habitantes nesse período temporal) era, na quarta-feira, de 110 casos, apresentando uma tendência crescente. O relatório salienta ainda o aumento da incidência, “mais marcado”, nas regiões do Centro, de Lisboa e Vale do Tejo e do Algarve, e a diminuição na região do Alentejo.
A região do Algarve tem a incidência mais elevada (164 casos), mas abaixo do limiar de 240 casos por 100 mil habitantes. Segue-se a região Centro (com 150 casos) e Lisboa e Vale do Tejo (com 117). O Norte tem uma incidência de 80 casos por 100 mil habitantes e o Alentejo de 84 casos.
O INSA e a DGS realçam que há uma tendência crescente da incidência em todos os grupos etários, mas é no dos 20 aos 29 anos que este indicador é mais elevado (159 casos), seguida da faixa etária dos 0 aos 9 anos (139 casos) e da dos 30 aos 39 anos (132 casos). “O grupo etário dos indivíduos com 80 ou mais anos apresentou uma incidência de 114 casos, que reflecte um risco de infecção semelhante ao apresentado pela população em geral, com tendência crescente”, lê-se no relatório.
R(t) em queda
Em comparação com os valores apresentados no último relatório, o valor médio do índice de transmissibilidade, diminuiu em todas as regiões do continente: o Norte passou de 1,05 para 1,01, o Centro de 1,10 para 1,06, Lisboa e Vale do Tejo de 1,10 para 1,04, o Alentejo de 0,98 para 0,87 e o Algarve de 1,06 para 1,05.
Com um R(t) de 1,04 a nível nacional, DGS e INSA estimam que, a manter-se esta taxa de crescimento, o limiar de 240 casos em 14 dias por 100 mil habitantes possa ser ultrapassado em dois a quatro meses, quando na semana anterior este prazo era mais curto, entre um a dois meses.
Mais de 209 mil testes feitos em sete dias
Nos últimos sete dias, foram realizados cerca de 209.589 testes, uma ligeira diminuição em relação aos 238 mil testes da semana anterior.
A proporção de testes positivos para SARS-CoV-2 foi de 2,8%, superior aos 2,3% na semana anterior, mas abaixo do limiar definido de 4%, indica ainda o relatório, que confirma que a variante Delta continua a ser dominante em todas as regiões, com uma prevalência de 100%.
“Circulam actualmente diversas sub-linhagens da variante Delta. Entre estas, a sub-linhagem AY.4.2 tem suscitado particular interesse na comunidade científica internacional devido à crescente frequência no Reino Unido nas últimas semanas. Em Portugal, foram detectados até à data dez casos associados a esta sub-linhagem, sendo que a análise genética indica que estes casos, registados entre 24 de Agosto e 19 de Outubro, representam várias introduções independentes”, refere.