CDU e CDS nunca tiveram resultados tão baixos como estas previsões
Se as eleições fossem hoje, a CDU ficar-se-ia pelos 5% e o CDS não passaria dos 2%.
Se no dia 30 de Janeiro se confirmar o retrato do momento que é reflectido na sondagem divulgada nesta sexta-feira pelo PÚBLICO, Antena 1 e RTP e feita pelo Cesop, a CDU e o CDS vão estar nos mais baixos níveis de sempre. Os comunistas ficam-se pelos 5% das intenções de voto e os centristas descem para 2%. A diferença em relação às últimas eleições é grande, mas é ainda maior quando se olha para o historial dos melhores resultados de ambos os partidos.
A primeira vez que a CDU foi a votos com essa designação foi em 1987 e foi então que teve a percentagem de votos mais elevada de sempre: 12,14%. Depois disso, nunca mais conseguiu ter tantos deputados como os que elegeu nesse ano: 31. Mas não foi o ponto alto dos comunistas. Antes de concorrerem como CDU, entre 1979 e 1987, a sigla usada pelos comunistas era APU (coligação que incluía ainda o Movimento Democrático Português / Comissão Democrática Eleitoral ou MDP/CDE) e com este “fato” chegaram a obter 18,8% dos votos, o que lhes permitiu terem uma bancada de 47 deputados.
Longe desses tempos áureos, a CDU tem vindo a perder eleitorado e nas últimas legislativas elegeu 12 parlamentares (10 do PCP e dois do PEV), com 6,66%. Os 5% da sondagem feita pelo Centro de Estudos e Sondagens da Universidade Católica, coloca a coligação do PCP e do PEV aquém deste número e com o pior resultado da sua história eleitoral — o anterior recorde era precisamente o de 2019 (em 2002 teve o mesmo número de deputados mas a percentagem era um pouco superior: 6,94).
No caso do CDS, que no estudo de opinião feito para o PÚBLICO, a Antena 1 e a RTP, surge com 2% das intenções de voto, este valor pode reduzir o actual grupo parlamentar de cinco deputados para uma bancada de dois (em 1999 o Bloco elegeu dois com 2,44%). Esse seria um cenário nunca antes vivido no partido que por várias vezes já integrou o arco governativo e contribuiu para coligações de Governo. A última vez que os centristas foram parar ao executivo, exceptuando a fugaz equipa de 2015, foi em 2011, quando Paulo Portas liderou a campanha e elegeu 24 deputados (obteve 653.888 votos, o equivalente a 11,71%).
Até 2021, o pior resultado do CDS foi em 1987, quando se ficou pelos 4,44% e pelos quatro deputados (o verdadeiro partido do táxi). Onze anos antes, o partido atingia um valor que nunca mais conseguiu obter: com 16%, conseguiu eleger um grupo de 42 parlamentares.
Atendendo ao momento de possível viragem que se vive no CDS, é natural que o valor das intenções de voto no partido oscile até às eleições de final de Janeiro. Os efeitos da disputa pela liderança (que deverá ser entre o eurodeputado Nuno Melo e o actual líder, Francisco Rodrigues dos Santos) só poderão perceber-se na sondagem que se segue.