A 14.ª edição da Ocean Race terá a mais longa etapa de sempre

A prova de circum-navegação de vela por equipas arrancará perto do final de 2022 de Alicante, mas, devido à pandemia, já não contará com paragens em Shenzhen e Auckland.

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O VOR65 da Mirpuri Foundation Racing Team em treinos no rio Tejo MARC BOW

O arranque chegou a estar confirmado para Outubro com dez cidades na sua rota, mas o puzzle final da 14.ª edição da Ocean Race sofrerá alterações devido à pandemia. Nesta quinta-feira, a organização da prova de circum-navegação à vela anunciou o trajecto definitivo da competição que, apesar da saída de Lisboa como stopover (paragem), continuará a ter uma forte presença lusófona - passagens por Cabo Verde e pelo Brasil, e uma equipa portuguesa (Mirpuri Foundation Racing Team). De fora, devido às restrições provocadas pela covid-19, ficam China e Nova Zelândia, o que resultará na mais longa ligação da história dos 50 anos da regata: quase 24 mil quilómetros entre a Cidade do Cabo e Itajaí.

A última edição da Volvo Ocean Race - o construtor sueco mantém ligação à regata, mas deixa de estar associado ao nome do evento - deixou a fasquia elevada para as provas seguintes, com três equipas (Team Brunel, MAPFRE e Dongfeng) a discutirem na última ligação entre Gotemburgo e Haia a vitória após percorrerem quase 80 mil quilómetros, tendo sido estabelecidos recordes em várias vertentes: mais de 2,5 milhões de pessoas visitaram os stopovers; a audiência televisiva acumulada foi de 2,2 mil milhões de telespectadores; houve mais de 3300 horas de transmissão televisiva, que geraram 429 milhões de euros em publicidade.

Porém, o mediatismo de uma das competições que compõe a ambiciona “triple crown” da vela que ainda nenhum velejador alcançou - vencer os Jogos Olímpicos, a America’s Cup e a Ocean Race -, não seduziu o Governo, a Câmara Municipal de Lisboa e o Porto de Lisboa, apesar de o desenho inicial da prova ter sido pensado com capital portuguesa no mapa como primeira paragem após a partida de Alicante. Com isso, segundo o PÚBLICO apurou junto de um dos responsáveis pela organização da edição 2017-18, Lisboa abdicou de um evento que gerava “metade do número de dormidas que a Web Summit normalmente gera, com um valor de investimento cinco ou seis vezes menor”.

Opções políticas à parte, por questões de saúde relacionadas com a pandemia a cidade neozelandesa de Auckland, paragem habitual na regata, e a chinesa de Shenzhen, que seria uma das novidades e a única paragem em solo asiático, também não vão receber as duas classes de veleiros - os velozes IMOCA 60 juntam-se a partir desta edição aos VOR65.

Assim, no final de 2022 a frota da Ocean Race deverá partir de Alicante rumo ao Mindelo, na ilha de São Vicente - Cabo Verde passará a ser o segundo país africano a receber a competição -, seguindo depois para a Cidade do Cabo.

Do extremo sul da costa africana, os VOR65 e os IMOCA 60 deveriam seguir primeiro para a China e depois para a Nova Zelândia, mas sem os stopovers de Shenzhen e Auckland, a terceira etapa será a mais longa e, muito provavelmente, mais difícil da história da competição: as equipas terão que percorrer 12.750 milhas náuticas (cerca de 24.000 km) entre a Cidade do Cabo e Itajaí, município brasileiro localizado no estado de Santa Catarina, através dos turbulentos mares do Pacífico Sul, numa etapa que passará pelo Cabo Horn, o ponto mais meridional da América do Sul, conhecido como o “fim do mundo”. 

Do Brasil, a frota ruma para os Estado Unidos (Newport), cruzando depois o Atlântico para a Europa onde os portos de abrigo estarão na Dinamarca (Aarhus), Países Baixos (Haia) e Itália, onde Génova receberá o “grand finale”.

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