Partidos de oposição chegam a acordo para coligação de centro-direita na República Checa

Cinco partidos de centro e centro-direita chegam a acordo para substituir o primeiro-ministro Andrej Babis - mas tudo depende do Presidente, Milos Zeman, que está nos cuidados intensivos.

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Petr Fiala deverá ser o próximo primeiro-ministro da República Checa BERNADETT SZABO/Reuters

Depois de mais de 12 horas de conversações durante o dia de terça-feira, cinco partidos que compõem duas alianças políticas, uma de centro e outra de centro-direita, chegaram a acordo para uma coligação, anunciou o líder do maior partido, Petr Fiala.

Fiala anunciou que houve luz verde de todos a um acordo de coligação assim como um plano de governo, e à distribuição dos postos ministeriais, e deverá assim suceder ao primeiro-ministro Andrej Babis, que viu o seu bloco perder a maioria e ficou apenas em segundo lugar.

A coligação enfrentará inflação elevada, dívida crescente, uma economia que está a sofrer com as falhas globais na distribuição de materiais semicondutores e o aumento do preço da energia, assim como o ressurgimento da pandemia de covid-19, enumera a agência Reuters.

“Acabámos um longo dia de negociações, que foram longas, mas que tiveram sucesso”, disse Fiala numa declaração televisiva na noite de terça-feira.

Os partidos que chegaram a acordo ganharam um total de 108 lugares num parlamento de 200 nas eleições de 8-9 de Outubro, ultrapassando Babis, cujos principais aliados foram excluídos do Parlamento.

Isto acontece quando o Presidente do país, Milos Zeman, está nos cuidados intensivos. Zeman, de 77 anos, foi hospitalizado a 10 de Outubro e não tem havido muita informação sobre o seu estado de saúde.

Fiala disse que o chefe de gabinete do Presidente lhe disse que Zeman o receberia quando saísse dos cuidados intensivos, sem mais pormenores.

No sistema checo, o papel do Presidente é sobretudo cerimonial, mas tem, neste momento, uma tarefa chave: é ele quem encarrega um candidato de formar um novo governo.

Recentemente, foi discutida a hipótese de o Parlamento retirar o Presidente do cargo, o que a Constituição permite, se este não tiver condições de saúde para o exercer.

A 18 de Outubro, o líder do Senado em funções, Milos Vystrcil, publicou um relatório do hospital universitário militar de Praga, onde está Zeman. Assinado pelo responsável clínico, o general Miroslav Zavoral, atestava que o Presidente não estava em condições de cumprir as suas funções.

Fiala tem pedido paciência, diz a emissora alemã Deutsche Welle, já que se espera um novo relatório do hospital ainda durante o mês de Novembro, e este deverá determinar as condições do Presidente exercer as suas funções.

Zeman vinha a dar sinais de preferir dar posse a Babis, dizendo que daria o mandato de formar governo a um partido que fosse o mais votado e não ao representante de uma coligação.

O partido do multimilionário Babis não conseguiu, no entanto, ser o mais votado, uma derrota que vários analistas atribuem a revelações feitas na investigação dos chamados Pandora Papers, com a revelação de que até chegar ao vendedor de um castelo no Sul de França que Babis comprou, o dinheiro passou por três empresas offshore com o objectivo de manter o negócio em segredo.

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