Covid-19. Alemanha enfrenta aumento maciço de casos em pessoas não vacinadas

Na quarta-feira, o país registou mais de 20 mil novos casos em 24 horas e 194 mortes. Governo diz que nova onda de casos está a ser causada pela baixa adesão à vacinação: 66,8% da população recebeu as duas doses.

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Berlim, Alemanha Reuters/FABRIZIO BENSCH

A Alemanha está a registar um número maciço de infecções pelo coronavírus SARS-CoV-2 entre pessoas não vacinadas, alertou esta quarta-feira o ministro da Saúde alemão, que pediu um endurecimento de medidas para conter o ressurgimento de casos de covid-19.

“Neste momento, estamos a enfrentar uma pandemia entre os não vacinados e é massiva”, disse Jens Spahn, enfatizando que as camas nas unidades de cuidados intensivos começam novamente a faltar.

“Infelizmente, a quarta onda da pandemia está a desenvolver-se como temíamos porque o número de vacinados não é suficiente”, acrescentou o presidente do Instituto Robert Koch (RKI), Lothar Wieler.

De acordo com os últimos dados do RKI, 55,6 milhões de pessoas receberam duas doses da vacina contra a covid-19 na Alemanha, ou seja, 66,8% da população.

O presidente do RKI, a autoridade responsável pela prevenção e controlo de doenças na Alemanha, lamentou ainda que as regras de acesso a locais públicos, como restaurantes ou teatros, nem sempre tenham sido suficientemente aplicadas.

O ministro da Saúde alemão apelou aos Estados federados germânicos para endurecerem as regras para os não vacinados em caso do aparecimento de surtos, impedindo-os de entrar em determinados locais públicos ou exigindo a apresentação de um teste.

Alguns Estados, como na Saxónia (leste) ou em Baden-Württemberg (sudoeste), já têm ou estão prestes a aplicar tais medidas. “Não se trata de assédio contra os não vacinados, mas sim de evitar a saturação do sistema de saúde”, sublinhou o ministro.

Jens Spahn disse ainda querer uma aceleração da vacinação de reforço, que é actualmente recomendada para maiores de 70 anos nos seis meses após a vacinação anterior.

O aumento significativo de casos de covid-19 está a acontecer desde o final do período de férias. Na quarta-feira, o Instituto Robert Koch registou mais de 20 mil novos casos em 24 horas e 194 mortes.

A chanceler alemã cessante, Angela Merkel, expressou preocupação em relação a este aumento de casos. Mesmo defendendo que a vacinação não deve ser obrigatória, Merkel também se declarou “muito entristecida” pelo facto de “dois a três milhões de alemães com mais de 60 anos ainda não estarem vacinados”.