Bayern assombrou o Benfica em Munique

Lewandowski marcou três golos, fez uma assistência e ainda falhou um penálti. O polaco “destruiu” o Benfica, que foi goleado e terá de fazer pela vida em Barcelona, no dia 23.

bayern-munique,futebol,sl-benfica,desporto,liga-campeoes,futebol-internacional,
Fotogaleria
EPA/PHILIPP GUELLAND
bayern-munique,futebol,sl-benfica,desporto,liga-campeoes,futebol-internacional,
Fotogaleria
Reuters/ANDREAS GEBERT
bayern-munique,futebol,sl-benfica,desporto,liga-campeoes,futebol-internacional,
Fotogaleria
EPA/PHILIPP GUELLAND
bayern-munique,futebol,sl-benfica,desporto,liga-campeoes,futebol-internacional,
Fotogaleria
Reuters/ANDREAS GEBERT
Fotogaleria
Reuters/ANDREAS GEBERT
Fotogaleria
Reuters/ANDREAS GEBERT

Antes do Bayern de Munique-Benfica, o cenário era simples de traçar: uma vitória portuguesa seria irreal e dependente de competência extraordinária, um empate seria um cenário improvável, uma derrota seria trivial e mesmo uma derrota com goleada não estaria revestida de escândalo. Nesta terça-feira, na Liga dos Campeões, o cenário confirmou-se e o Benfica sai de Munique “assombrado” por um 5-2 na “casa do terror” que é a Allianz Arena.

Este desfecho apura desde já os alemães para os “oitavos-de-final” da Champions, enquanto o Benfica recebeu duas más notícias: à da derrota em Munique juntou-se o eco do triunfo do Barcelona em Kiev, frente ao Dínamo. Antes de quaisquer contas adicionais, o Benfica sabe que terá de ir pontuar a Barcelona, no dia 23, se quiser ter hipótese de seguir em frente na Liga dos Campeões.

Na antevisão do jogo, Jorge Jesus tinha dado a entender que não contava com nada desta viagem à Alemanha, que a derrota era um cenário provável e que o apuramento se jogaria mais à frente.

Cerca de uma hora antes do jogo, a retórica do técnico ganhou significado quando jornalistas e demais interessados no “onze” do Benfica tiveram de suster a respiração perante o alinhamento anunciado pela UEFA. Poupar? Em Munique? O que deu a Jesus? Em tese, a Allianz Arena é o pior estádio do mundo para não apresentar o “onze” mais forte possível. Mas Jorge Jesus fê-lo.

Mas talvez não tenha sido apenas uma gestão física por parte de um treinador descrente num bom resultado em Munique e sedento de um bom desempenho no próximo fim-de-semana, frente ao Sporting de Braga. Otamendi, Weigl e Rafa estavam em risco de suspensão caso vissem um cartão amarelo e Jesus começou, em Munique, a pensar na viagem a Barcelona. Depois, “compôs o ramalhete” tirando da equipa o uruguaio Darwin, aí provavelmente mais por gestão física.

E foi neste contexto que o Benfica subiu ao relvado com Morato, Meïté, Pizzi e Everton, na teoria nenhum deles um provável titular. E o que significou este “onze”? No plano geral, que Jesus tinha mais a cabeça em Barcelona do que em Munique. No plano concreto para este jogo, que o Benfica foi a Munique com uma equipa “a gasóleo”. Meïté, João Mário, Pizzi, Everton e Yaremchuk estão longe de serem jogadores intensos e dinâmicos sem bola – e foi sem ela que o Benfica jogou em Munique.

No caso do ponta-de-lança a opção ganhou contornos ainda mais inesperados na medida em que Jesus deixou o ucraniano “plantado” na frente, muito longe do restante bloco. Assim, Yaremchuk não foi útil sem bola, porque pressionou sozinho, nem fui útil com bola, porque depois lhe faltava fulgor físico e apoio próximo para combinar – e é no jogo combinativo que o ucraniano mais se destaca e não tanto na exploração do espaço.

Ainda assim, o Benfica entrou bem na partida, com um remate de Pizzi aos 2’ e um golo anulado a Veríssimo aos 15’. No entanto, no plano defensivo a estratégia não correu bem.

Do lado esquerdo, Morato, Grimaldo e Everton foram um trio em permanente agonia, sobretudo o espanhol. E o francês Coman fez questão de preparar Grimaldo para o que ali vinha.

Começou aos 6’, quando “deitou” Grimaldo e assistiu Gnabry para defesa de Odysseas. Aos 20’, voltou a passar facilmente por Grimaldo e assistiu Pavard. Aos 26’… mais do mesmo. Voltou a passar pelo espanhol e assistiu Lewandowski, que finalizou de cabeça.

Foi algo bizarra a forma como Grimaldo foi exposto em um contra um sem que Everton baixasse para fazer o dois contra um ou que Morato se aproximasse para dobrar Grimaldo. E assim Coman fez o que quis.

Foi comum ver os médios do Benfica a correrem para trás, algo que, normalmente, indica desposicionamento da equipa. E entre isso e o permanente atraso a chegar ao portador da bola o Benfica pouco conseguiu fazer para travar o Bayern.

Aos 19’, Odysseas salvou o Benfica, mas nada pôde fazer aos 32’. Novamente atrasado a estabilizar o bloco à frente da bola, o Benfica deixou Kimmich ver o jogo de frente e lançar Lewandowski na profundidade. E deixar o alemão de frente para o jogo é pedir problemas. O avançado polaco, bem servido, limitou-se a assistir Gnabry, que finalizou de calcanhar.

Sem aparente dificuldade, o Bayern jogou o que quis jogar, mas o Benfica conseguiu reduzir num lance de bola parada. Houve cruzamento de Grimaldo, após um livre curto, e cabeceamento de Morato.

O Bayern ainda falhou um penálti perto do intervalo, com defesa de Odysseas a remate fácil de Lewandowski, mas tratou-se apenas de atrasar o golo. Aos 49’, Kimmich deu mais um pouco do seu recital próprio e, com um grande passe, permitiu a Davies assistir Sané, que finalizou de primeira.

O jogo entrou, depois, numa fase mais calma, com o Bayern a fazer rodar a bola tranquilamente e o Benfica impotente para o contrariar. Ainda assim, os “encarnados” mantinham o bloco algo anárquico sem bola, com jogadores a pressionarem alto, com referências individuais, e outros a manterem o controlo zonal, bastantes metros atrás. Um dos que nunca teve pudor em sair ao portador da bola foi Meïté, cuja audácia deixou a equipa permanentemente desposicionada.

E aos 61’ houve uma transição do Bayern, com muito Benfica na frente. Sané correu nas costas da defesa, esperou por Lewandowski e o polaco, isolado, “picou” por cima de Odysseas. O guardião grego nada conseguiu fazer, mas ainda impediu mais um trio de lances perigosos do Bayern.

Com os alemães já em ritmo de treino, em gestão para a Bundesliga, Darwin, entretanto lançado, ainda conseguiu reduzir para 4-2 num lance de contra-ataque. E confirmou-se tudo o que já se sabia do Bayern: que é uma equipa avassaladora no processo ofensivo, mas que defende com poucos jogadores, expondo-se com frequência. E ficou também clara a forma como Darwin poderia ter sido mais útil do que Yaremchuk num jogo em que nunca haveria Benfica em ataque posicional, mas sim em transições.

Antes do final ainda houve tempo para o hat-trick de Lewandowski, que foi lançado por Neuer e fez um chapéu a Odysseas. E foram só três porque o polaco decidiu “oferecer” o tal penálti ao grego na primeira parte.

Duas notas finais para a estreia de Paulo Bernardo pelo Benfica e para Rafa, cujo limite de cartões amarelos levou Jesus a poupá-lo, mas acabou por entrar para cerca de meia hora de jogo, arriscando não ir a Barcelona.

Sugerir correcção
Ler 4 comentários