Lobo Xavier condena adiamento do congresso, Ribeiro e Castro atira-se aos críticos internos
Depois da saída do partido de nomes como António Pires e Mesquita Nunes, Nuno Melo apela a que não se desfiliem e para que “lutem” a seu lado. Assunção Cristas vai “reflectir”.
A decisão do conselho nacional do CDS de adiar o congresso para depois das legislativas, as tentativas de impugnação por parte de Nuno Melo e as desfiliações anunciadas de antigos dirigentes estão a gerar uma onda de reacções dentro do partido. Dois antigos líderes do CDS já se pronunciaram, assumindo posições opostas. O histórico Lobo Xavier manifesta tristeza pela situação do CDS mas assegura que não deixará o partido.
José Ribeiro e Castro, antigo líder do CDS, indigna-se contra os críticos da actual direcção, liderados por Nuno Melo. “As pessoas deviam ter um bocadinho humildade e decência para ajudar o partido a sair da situação”, disse esta manhã à rádio Observador, considerando que o confronto é deliberado por quem no partido tem responsabilidades e porque “não estão nas próximas listas de deputados”.
À acusação de tentativa de golpe de estado interno lançada por Nuno Melo contra a actual direcção por adiar o congresso marcado para Novembro, Ribeiro e Castro contrapõe: “Só houve na história do CDS um golpe institucional, que foi com o que me derrubaram”. Questionado sobre se são os mesmos protagonistas da actual situação, o antigo líder responde: “São pessoas que estão 15 anos mais velhas e 15 anos mais garotos”.
Outra antiga líder do CDS, Assunção Cristas, assumiu este sábado à noite, na TVI, que a decisão de adiar o congresso “desqualifica” o partido e levará a que a própria faça “uma reflexão pessoal” sobre isso.
O adiamento do congresso, que na prática implica que seja Francisco Rodrigues dos Santos a decidir a estratégia eleitoral e a escolher a lista de deputados, também mereceu uma forte crítica do histórico militante António Lobo Xavier. “Não consigo compreender, acho um erro enorme”, afirmou à rádio Observador.
O antigo líder parlamentar apoiou Francisco Rodrigues dos Santos no último congresso – porque “na altura” lhe “pareceu a decisão certa” – mas agora assume não ter “nenhuma certeza nem segurança nem vontade” de recomendar o voto “nestas pessoas”, tal como afirmou este sábado o ex-ministro António Pires de Lima. Assumindo tristeza pela actual situação do partido, Lobo Xavier diz compreender as saídas anunciadas do partido, embora preferisse que não se desfiliassem e indicou que, para já, não o fará.
Lembrando que já viveu “muitos momentos críticos e maus no CDS ao longo de 47 anos”, o destacado militante não responsabiliza apenas a actual direcção pela situação a que o partido chegou. “À direcção eu culpo por uma decisão errada, mas há culpados de todos os lados”, disse, condenando que a discussão interna ande à volta de “tacticismos” em vez de propostas para o país.
Melo apela: “Lutem a meu lado”
Após os anúncios de desfiliações de António Pires de Lima, Adolfo Mesquita Nunes, entre outros, Nuno Melo apelou a que outros não o façam. “Enquanto alguns dos nossos melhores saem, porque já não aguentam ver o CDS, partido fundador da democracia em Portugal, transformado num espaço de ilegalidades, arbitrariedades, censura e saneamentos praticados para que os militantes não se possam pronunciar em congresso e pela caridade do PSD, um pequeno grupo possa ascender ao parlamento com o partido feito em ruínas, no largo do Caldas abrem-se garrafas de champanhe”, escreveu no Facebook.
O eurodeputado deixou um apelo: “Por favor não se desfiliem. Lutem do meu lado. O tempo só pode ser de revolta e de indignação”.