Bienal de Cerâmica de Aveiro com mais de 100 obras e a promessa de criação de um museu
Certame abre ao público este sábado e vai estender-se até 30 de Janeiro. Autarquia já anunciou a intenção de criar um centro interpretativo dedicado à bienal cuja existência remonta a 1989.
Aquela que é já a 15.ª edição da Bienal Internacional de Cerâmica Artística de Aveiro é inaugurada este sábado (16h00), no Museu de Aveiro/Santa Joana, prolongando-se, como é hábito, por outros espaços museológicos da cidade. Em exposição vão estar 128 obras seleccionadas pelo júri, presidido por Benedetta Diamanti, directora da European Route Of Ceramics Association, entre um total de 477 candidaturas apresentadas, originárias de 37 países. Números que levam a organização a falar num “novo recorde” do evento que é já uma referência internacional e que contribui para “a produção de cerâmica artística contemporânea através do estímulo à experimentação e à criatividade”.
Lançado em 1989, este certame surge, este ano, com um calendário mais dilatado do que é habitual. Irá estender-se por três meses, até 30 de Janeiro, dando ainda mais condições ao público para conhecer as várias exposições da bienal, sendo certo que o programa volta a apostar em actividades paralelas. Residências artísticas, lançamento de livros e revistas, workshops, ateliers, conferências, debates e visitas guiadas prometem animar a cidade ao longo dos próximos meses.
Enquanto cidade com fortes tradições na área da cerâmica, Aveiro está apostada em ser, cada vez mais, um pólo dinamizador de novas tendências nesta área, razão pela qual está já também a ser preparada a criação de um museu dedicado à bienal. “Com tantas edições, temos um espólio fantástico e não faz sentido que ele esteja armazenado, escondido do público”, repara Ribau Esteves, presidente da Câmara Municipal de Aveiro, em declarações ao PÚBLICO. Para colmatar esta falha, a autarquia tem em mãos o processo para a abertura de uma casa dedicada à bienal e até já definiu qual vai ser a sua morada: o espaço que foi ocupado, até ao ano passado, pela Biblioteca Municipal.
Um edifício com “dupla personalidade”
Com a transferência da biblioteca para o Edifício Fernando Távora, situado na Praça da República e agora designado de Atlas Aveiro, o imóvel ficou desocupado. “Temos já um estudo-base. Queremos recuperar a parte antiga do imóvel, virada para a Rua José Estêvão, retomando a sua traça original, e fazer uma peça moderna, marcante, na parte virada para a Avenida Dr. Lourenço Peixinho”, desvenda Ribau Esteves. No fundo, será um edifício com “dupla personalidade”, porque “recupera o antigo e cria um novo”.
Concluído este estudo-base, segue-se a realização do projecto de execução, com vista a qualificar o imóvel e a adaptá-lo à condição de museu. A perspectiva passa por nele albergar as peças premiadas de todas as edições do certame, levando a que a marca da Bienal Internacional de Cerâmica Artística de Aveiro não se cinja à data de realização do evento. “Teremos uma presença permanente da bienal na cidade”, frisa o edil, reparando que a afirmação do certame a nível internacional é inquestionável. “Conseguimos ter obras oriundas dos cinco continentes”, sublinha.
Essa marca internacional está também bem vincada na composição do júri. Na edição deste ano, a escolha das obras esteve a cargo, além de Benedetta Diamanti, da diretora do Museum of Ceramics (Dinamarca), Pia Wirnfeldt, do diretor do Museu de Cerâmica de Argentona (Barcelona, Espanha), Oriol Calvo Vergés, juntamente com elementos da fábrica Vista Alegre, Universidade de Aveiro, Câmara de Aveiro, e da directora do Museu de Olaria (Barcelos), Cláudia Milhazes.
Durante a cerimónia de inauguração deste sábado, a organização da bienal aveirense dará a conhecer os nomes dos vencedores do concurso internacional, procedendo, ainda, à respectiva entrega de prémios.