aDrogaria é o parafuso que quer unir os artistas no Porto

Numa antiga drogaria do Porto nasce aDrogaria, um espaço dedicado às artes. Inspirando-se neste tipo de comércio em extinção, quer ser a peça unificadora do bairro.

Foto
aDrogaria

Inaugura neste sábado, 30 de Outubro, um novo espaço de exposição e de reflexão artística na cidade do Porto. aDrogaria - que deve o seu nome ao antigo estabelecimento comercial que existia no edifício - “pretende experimentar momentos culturais fundamentados no conceito de slow curating alargando o acesso à arte e esbatendo as hipotéticas fronteiras que definam o costumeiro público-alvo e os estaminés frequentados”, pode ler-se na primeira auto - definição que surge no site.

Beneficiando da hospitalidade da associação cultural A sede Amarela, na rua da na Rua de São Roque da Lameira, na zona da Corujeira, aDrogaria quer acolher, no próximo ano, um ciclo de cinco exposições/projectos, diz Francisco Correia, um dos fundadores do espaço. Correia realça que aDrogaria “não tem de obedecer às regras das galerias comerciais”, pelo que quer “fazer cada projecto com tempo.”

Foto
aDrogaria

“aDrogaria funciona como uma metáfora”, revela Francisco Correia. “As drogarias, essas lojas em vias extinção, ocupam um lugar especial no imaginário português. São um lugar maravilhoso onde há um balcão para resolver todo e qualquer tipo de problema”, acrescenta. 

Como o parafuso, que é a cara e a identidade visual do projecto, aDrogaria quer reunir, num mesmo espaço, uma série de práticas artísticas contemporâneas, quer ser “a peça para juntar e manter a unidade”, adianta o porta-voz do projecto. Acrescenta que é uma “lógica de acumulação e encontro” que move os cinco criadores do projecto - Manuel Fonseca, Beatriz Chagas, Sebastião Pires, Francisco Correia e Nuno Pires, todos eles ligados às Belas Artes, mais precisamente artes visuais.

Nessa óptica, a primeira exposição na aDrogaria junta artistas de várias áreas. “Banho de Prata” reúne, entre 30 de Outubro e 12 de Novembro, Débora Silva, Henrique Palmeirim, Max Siedentopf, Rebeca Romero e Teresa Dantas, trabalhando, respectivamente, animação 3D, vídeo, fotografia, tapeçaria e joalharia contemporânea e escultura. Os trabalhos desta primeira exposição têm como base a memória que o espaço (a antiga drogaria) não faz esquecer.

Outro objectivo do projecto é abrir portas a artistas internacionais e a artistas menos conhecidos da cena artística portuguesa. A ideia é proporcionar “o diálogo entre os artistas”, defende o responsável do espaço.

aDrogaria quer, ainda, ajudar a dinamizar culturalmente uma zona do Porto (zona oriental) que se encontra fora da rota cultural habitual. “O Porto tem uma tradição de espaços independentes muito grande. São espaços que saem da pele dos artistas e dos responsáveis pois os apoios são escassos”. Mas, para Francisco Correia, “há sempre espaço para novos projectos que tenham seriedade e ambição e que tenham algo para acrescentar”.

Texto editado por Ana Fernandes

Sugerir correcção
Comentar