Caso BES: sorteio ditou que a instrução vai ser feita por Ivo Rosa
O juiz Ivo Rosa vai liderar o processo de instrução do caso BES. O sorteio foi realizado esta tarde.
O sorteio feito esta tarde no Tribunal Central de Instrução Criminal ditou que será o juiz Ivo Rosa a fazer a instrução do caso BES/GES, tendo como missão decidir o que da acusação do Ministério Público chegará a julgamento.
O juiz de turno Carlos Alexandre, que presidiu à diligência, não deixou os jornalistas assistir ao sorteio. Ao contrário de Ivo Rosa, que já se tinha disponibilizado para abrir a sessão, tal como fez no caso da Operação Marquês.
Ivo Rosa vai assim ficar com o processo do BES/GES depois de ter tido a tarefa de fazer a instrução da Operação Marquês.
Ricardo Salgado é o principal dos 25 arguidos neste caso, 18 pessoas e sete empresas, acusados pelo Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), que durante quase seis anos tentou desvendar uma complexa teia de empresas e esquemas financeiros que levaram ao colapso do universo Espírito Santo, em 2014. A acusação foi revelada a 14 de Julho de 2020.
O Ministério Público contabilizou em 11.800 milhões de euros o “valor que integra o produto de crimes e prejuízos com eles relacionados”. Do rol de acusados, fazem parte o antigo braço direito de Salgado, Amílcar Morais Pires; Isabel Almeida, directora financeira do banco; o contabilista Francisco Machado da Cruz e membros da família como José Manuel Espírito Santo e Manuel Fernando Espírito Santo.
A lista de crimes imputados pela equipa liderada pelo procurador José Ranito inclui associação criminosa, vários tipos de corrupção, burla qualificada, falsificação de documentos, branqueamento de capitais, infidelidade, entre outros. Isso mesmo é referido pela nota da procuradoria. “Foi deduzida acusação pelo crime de associação criminosa (relativamente a 12 pessoas singulares e cinco pessoas colectivas) e pelos crimes de corrupção activa e passiva no sector privado, de falsificação de documentos, de infidelidade, de manipulação de mercado, de branqueamento e de burla qualificada contra direitos patrimoniais de pessoas singulares e colectivas”, lê-se no comunicado.
O DCIAP acredita que Salgado terá construído dentro do BES uma entidade paralela, que funcionava à margem dos órgãos de gestão e de controlo e dos supervisores, com o objectivo de “segurar” o GES, financiando a dívida das empresas da família.