O doce foi apresentado pela Câmara Municipal do Sabugal, no distrito da Guarda, no dia 10 de Novembro de 2016, por ocasião do feriado municipal, no seguimento de um desafio lançado ao chef Rui Cerveira, que possui um restaurante na aldeia de Casteleiro.
Cinco anos depois, garante a autarquia, o pastel de castanha “Quinas”, confeccionado por três produtores do Sabugal, é uma referência gastronómica no concelho, procurada por residentes e por naturais do território que vivem noutros pontos do país e no estrangeiro.
Segundo Amadeu Neves, vereador com o pelouro do Turismo na autarquia, o “Quinas” surgiu com o objectivo de rentabilizar a castanha produzida localmente, adoptando um nome inspirado no castelo do Sabugal, o único do país que possui uma torre com cinco quinas.
“Desafiámos o único chef a laborar, na altura, no concelho, que era o Rui Cerveira, do Casteleiro, da Casa Esquila, e ele foi-nos apresentando algumas alternativas de pastel. Lembro-me que experimentámos e provámos mais de uma dúzia de tentativas, até que chegámos a esta solução. Para além de ter castanha, quisemos que fosse desenvolvido com o máximo de produtos endógenos”, lembrou o autarca à agência Lusa.
O vereador disse que o pastel, cuja receita é cedida pelo seu autor aos interessados na confecção, já foi produzido por quatro pasteleiros do concelho, mas actualmente apenas é fabricado por três (nas aldeias de Casteleiro, Sortelha e Foios).
De acordo com o responsável, o pastel já funciona como um verdadeiro “embaixador gastronómico” concelhio, sendo a sua comercialização efectuada ao longo do ano, mas “o seu auge de venda” acontece anualmente durante a realização do “Sabugal Presépio”, um evento que acontece na época do Natal.
Amadeu Neves afirma que o projecto resultou, embora a autarquia pretenda que aumente o número de produtores e que a sua comercialização possa ser feita em espaços turísticos municipais, a par de outros produtos endógenos.
O chef Rui Cerveira recorda à Lusa que, no âmbito do desafio lançado pelo município do Sabugal para que fosse criado “um pastel identitário do concelho”, teve a preocupação de conceber um produto “de grande qualidade, utilizando apenas os ingredientes da região”, como azeite, castanhas e ovos.
“Nós tentámos criar um pastel que fosse guloso, ou seja, que uma pessoa conseguisse comer facilmente um, e, se possível, ir ao segundo. Um pastel que fosse equilibrado, que fosse leve e que fosse algo cremoso, que tivesse o sabor a castanha, mas que não descurasse o lado guloso”, contou.
O responsável fez “à volta de 23 variações diferentes” e o “Quinas” escolhido foi uma das últimas opções, tendo-se afirmado, logo no dia da apresentação, como “um sucesso”.
O pastel, que é vendido localmente e também enviado aos consumidores por encomenda, “tem sido um sucesso”. “Já enviámos [do restaurante que possui na aldeia de Casteleiro] um bocadinho para todo o lado. Já enviámos para a Suíça, para Lisboa, para França várias vezes, para o Porto, também várias vezes, e Leiria. Pelos Santos [Dia de Finados], no final do ano e na Páscoa é quando temos os nossos picos de produção e quando as pessoas pedem mais o ‘Quinas'”, disse.
Segundo Rui Cerveira, o objectivo é “ampliar” o número de produtores do pastel típico do Sabugal, porque “o produto tem qualidade e é vendável”. Custa, em média, um euro a unidade. O município do Sabugal fornece aos produtores caixas de cartão próprias para o pastel, com a forma de pentágono, onde é possível acondicionar cinco unidades.