Número de empresas exportadoras contrariou tendência e encolheu em 2020
Houve uma subida de 2,8% do número total de empresas no primeiro ano de pandemia, mas o universo de exportadoras caiu 2,2%, de acordo com os dados do INE.
Mesmo com a pandemia de covid-19, o ano passado ficou caracterizado por um aumento do número de empresas em Portugal. De acordo com os dados provisórios divulgados esta quinta-feira pelo INE, havia 1.354.720 empresas não financeiras, o que representa mais 2,8% do que no ano anterior.
Em sentido contrário esteve o volume de negócios, com uma quebra de 9,6% para 373 mil milhões de euros, tendo o número de empregados encolhido 0,5% para 4,2 milhões. Este cenário explica-se pela aplicação no terreno de apoios públicos como o layoff simplificado e as moratórias, que ajudaram muitas empresas a chegar ao final do ano.
Verifica-se, no entanto, que houve uma descida no número de empresas exportadoras. De acordo com o INE, o universo de sociedades não financeiras com perfil exportador desceu 2,2% para 26.267, com o número de empregados a reduzir-se 2,6% para 728,3 mil. Aqui estão contabilizadas as empresas em que “pelo menos 50% do volume de negócios é proveniente das exportações de bens e serviços” ou que “pelo menos 10% do volume de negócios é proveniente das exportações de bens e serviços e o valor de exportações de bens e serviços superior a 150 mil euros”.
Em 2019, tinha-se registado um aumento de 3,6% no número de exportadoras, acima da subida de 3,1% no total das empresas não financeiras, bem como variações positivas de 4,1% e de 4% no emprego e no volume de negócios, respectivamente.
Segundo os dados agora divulgados pelo INE, 67% do universo empresarial é composto por empresas individuais (906.499), sendo o restante sociedades não financeiras (448.221). Olhando para a sua dimensão, 99,9% são PME, tendo as grandes empresas registado uma descida de 3% para 1252.
“O ano de 2020 ficou marcado pelo forte impacto negativo da pandemia COVID-19 na economia nacional. Os efeitos resultantes do confinamento obrigatório imposto face à evolução pandémica, conduziram a uma forte contracção da grande maioria dos ramos da actividade económica, determinando nalguns casos a paralisação quase total”, sublinha o INE.
“Restringindo a análise às sociedades não financeiras”, diz o INE, estas cresceram 2,1%, “enquanto as restantes variáveis em análise registaram uma descida face ao ano anterior”. Assim, este conjunto de 448.221 empresas “empregou 3.211.386 trabalhadores (-1,5% que em 2019), reduziu o seu volume de negócios em 9,9% atingindo 357,7 mil milhões de euros) e gerou um VAB [valor acrescentado bruto] de 86,8 mil milhões de euros (-10,4% que em 2019)”.
Este impacto negativo, explica-se, foi “em grande parte” absorvido pelo excedente bruto de exploração, que contraiu 20,1%. “A dimensão do choque foi relativamente mais pronunciada nas sociedades de maior dimensão”, destaca o INE.
O sector do alojamento e restauração foi o que registou a maior variação no emprego, com -5,5% (fechou o ano com 377 mil pessoas ao serviço), tendo o sector da indústria e energia sido também bastante atingido, com -2,8%. Devido ao peso da indústria, com 780 mil postos de trabalho, os dois sectores tiveram o mesmo contributo, de -0,5 pontos percentuais (p.p.), para a descida de empregos em 2020.
Por sua vez, foi a indústria e o comércio os que “mais contribuíram para a diminuição do volume de negócios (3,3 p.p. e 2,4 p.p., respectivamente)”, devido ao seu peso no total, tendo a maior variação sido registada pelo alojamento e restauração, com -36,4%, chegando aos 10,3 mil milhões de euros.
“No que respeita ao VAB”, diz o INE, foram os sectores do alojamento e restauração e dos transportes “os que mais contribuíram para o decréscimo de 10,1%”, com contributos de -3,1 p.p. e de -2,5 p.p., respectivamente.