Lucro do BCP cai 59,3% penalizado por provisão para negócio na Polónia
Banco diz que “não há motivo de preocupação especial” sobre risco de incumprimento de créditos em moratória, mas não divulga números de restruturações.
O resultado líquido consolidado do BCP caiu 59,3%, para 59,5 milhões de euros, até Setembro, anunciou esta quarta-feira a instituição. O resultado seria de crescimento de 20%, para 215,3 milhões de euros, sem a constituição de uma provisão de 313,5 milhões de euros para riscos legais associados a créditos em francos suíços, concedidos na Polónia, e de custos 87,6 milhões de euros relativos “essencialmente a ajustamento do quadro de pessoal”.
O banco levou a cabo nos últimos meses a uma redução de perto de 800 trabalhadores, por rescisões por mútuo acordo e reformas. A instituição tem ainda em curso um despedimento colectivo que abrange 23 trabalhadores que não aceitaram as propostas do banco, segundo informou o presidente executivo, Miguel Maya.
De acordo com os dados revelados, a carteira de crédito que beneficiava de moratórias, que terminaram em Setembro, ascendia a 6211 milhões de euros, dos quais 3115 milhões de euros de empréstimos de empresas e 3096 milhões de euros a famílias. E continua em moratória de crédito, porque aderiram mais tarde, um montante de 730 milhões de euros, dos quais 624 milhões de euros de empréstimos a empresas e 106 milhões de euros de a famílias.
Em conferência de imprensa, o presidente da instituição financeira garantiu que 90% do montante de créditos em moratórias em Setembro "está em situação regular”, adiantando que “não há motivo de preocupação especial” em relação à qualidade dessa carteira.
O responsável não adiantou, no entanto, os números relativamente a processos de reestruturação de créditos de famílias e de empresas, desencadeados após o fim das moratórias. Nem mesmo em relação ao número de empresas que pretendem beneficiar da garantia pública nos processos de reestruturação de crédito, com o presidente do BCP a garantir que a instituição disponibiliza “um conjunto de soluções que vão além da que é proposta pelo Governo”, no âmbito da linha de crédito Retomar.
Contudo, mais do que o risco da carteira de crédito em moratória, medida que permitiu a suspensão de pagamento de juros e capital, para minorar o impacto da pandemia de covid-19, o presidente do BCP admitiu que há empresas preocupadas com “as consequências dos aumentos dos combustíveis, da energia e ainda de custos na cadeia de abastecimento”.
O banco, que mantém o propósito de não distribuir dividendos relativos a 2020, decisão justificada com “vários factores de incerteza que persistem”, teria, sem as provisões para a Polónia e custos com a redução de trabalhadores, atingido um resultado operacional consolidado de 938,7 milhões de euros, correspondendo a um crescimento de 8,3%.
De acordo com os dados divulgados, o resultado líquido da actividade em Portugal totalizou 115,2 milhões de euros até Setembro, “evidenciando um crescimento de 25,3% face aos 91,9 milhões de euros obtidos em igual período de 2020”. Na actividade internacional, registou-se um prejuízo de 55,7 milhões de euros, devido sobretudo ao contributo da subsidiária polaca, e “determinado pelo reforço das imparidades e provisões, para fazer face ao risco legal associado aos créditos hipotecários concedidos em moeda estrangeira, que ascendeu a 313,5 milhões de euros.
Em relação a outros indicadores de actividade, a margem financeira ascendeu a 1168,6 milhões de euros, face aos 1153,7 milhões de euros apurados no período homólogo do ano anterior. E as comissões líquidas subiram 7,2%, para 534,2 milhões de euros.
Na operação em Portugal, em termos líquidos, o número de colaboradores passou de 7152 colaboradores no terceiro trimestre de 2020 para 6511 colaboradores em Setembro de 2021.