Entre o atelier e as exposições de Nuno Sousa Vieira, somos corpos em movimento

Em Leiria, apresenta duas exposições em simultâneo: Quando o Chão nos foge dos Pés, no Museu de Leiria, e Uma Vida Inteira, no Banco das Artes. Oportunidade para revisitar uma obra que se tem feito em permanente transformação, numa relação singular com o espaço do atelier, uma fábrica desactivada e a experiência do corpo do artista e do espectador.

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Ricardo Graça

Uma fábrica, uma sala de exposição e um atelier. Nem sempre por esta ordem, a prática e o trabalho de Nuno Sousa Viera (Leiria, 1971) têm sido realizados à volta desta trindade de lugares. Foi assim, por exemplo, nas exposições Nasci num dia curto de Inverno, na Fundação de Comunicações, em 2017, ou em Sala de Exposição, repartida pela Galeria Graça Brandão e a Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves, em 2013. Resumindo: se tentássemos desenhar os movimentos do artista dentro da sua obra, encontraríamos formas triangulares. Ou talvez não. É que no universo de Nuno Sousa Vieira, por vezes, uma sala de exposição não é bem uma exposição de obras artísticas e um atelier pode ser uma fábrica. Sim, esta trindade é móvel, têm sentidos que não se fixam. Tudo depende do ponto de vista a partir do qual os observamos. Dito isto, assim que entra em contacto com as obras do artista — qualquer que seja o seu suporte — o espectador entra num espaço específico, caracterizados por uma série de elementos. A saber: a visão e a percepção, o atelier enquanto tema, material, fonte de reflexão e inspiração, a transfiguração de objectos de uso em objectos de arte ou a experiência de um corpo. Em Leiria, nas individuais Quando o Chão nos foge dos Pés, no Museu da cidade, e Uma Vida Inteira, no Banco das Artes com curadoria de Ana Rito, ei-los que regressam, esses elementos, mas noutros contexto, a suscitar outros significados. Para começar, são duas exposições que coincidem no tempo — efeitos dos avanços e recuos provocado pela covid-19 — depois, assinalam, mais intensamente, a relação do artista com o seu atelier, as antigas instalações da Fábrica de Plásticos SIMALA. Mas vamos por partes, isto é, por exposições.

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