Metro escuda-se na abrangência do júri para se defender de críticas à nova ponte no Douro
Projectos escolhidos penalizam a inserção urbana na margem norte, onde os edifício de Siza Vieira na Faculdade de Arquitectura estão em processo de classificação como Monumento Nacional, queixa-se esta instituição.
O presidente da Metro do Porto, Tiago Braga, defendeu-se das críticas das faculdades de Ciências e de Arquitectura da Universidade do Porto ao projecto da futura ponte sobre o Douro, que interfere com a zona onde aquelas escolas estão implantadas, escudando-se na abrangência do júri que integra representantes de múltiplas instituições “da comunidade”.
A escolha das três propostas que vão discutir a fase final do concurso para a nova ponte que servirá a segunda linha entre Porto e Gaia não foi feita “dentro de portas”, disse, notando que o júri do concurso de ideias inclui elementos indicados pela Ordem dos Arquitectos, Ordem dos Engenheiros, as duas câmaras municipais, a Direcção Regional de Cultura do Norte, para além do Metro do Porto. Tiago Braga, que falava aos jornalistas à margem de uma visita às obras de expansão da Linha Amarela, em Gaia, não quis, contudo, comentar o teor das críticas tornadas públicas na véspera.
Uma semana depois de terem sido conhecidos os três projectos finalistas para a nova ponte para o metro que irá ligar Santo Ovídio, em Vila Nova de Gaia, à Casa da Música, no Porto, soube-se que “as Faculdades de Arquitectura [FAUP], Ciências, Letras e Nutrição, localizadas no Pólo do Campo Alegre da Universidade Porto, contestam a actual proposta de traçado, cota e perfil da ponte e acessos da nova travessia do Metro sobre o Rio Douro. Em causa estão questões de defesa da paisagem, salvaguarda patrimonial, impedimento do projecto de expansão da Faculdade de Arquitectura, segurança do acesso nascente da Faculdade e agravamento das dificuldades de ligação entre os vários espaços e edifícios do Pólo Universitário do Campo Alegre”, explicavam as instituições num comunicado publicado na página da FAUP.
Unidade da paisagem vai ser interrompida
"Com o conhecimento das propostas apresentadas a concurso e a Decisão de Selecção [do júri] confirmaram-se as expectativas mais negativas. As determinantes impostas no concurso traduziram-se em propostas gravosas e penalizadoras para a paisagem e contexto urbano, dado o traçado, cota e perfil que impõem à nova ponte”, adiantou aquela faculdade, numa nota partilhada na sua página da Internet. Na avaliação das propostas pesou muito a relação da futura travessia com a vizinha ponte da Arrábida, obra de Edgar Cardoso que é património nacional, mas, na perspectiva desta faculdade, não foi devidamente acautelada a inserção urbana a norte, numa zona com vários equipamentos e edifícios desenhados por Siza Vieira e também eles em vias de classificação.
“A FAUP integra não só um conjunto de 18 obras de Álvaro Siza propostas pelo Governo Português para a Lista Indicativa do Património Mundial, como é actualmente objecto de um processo de classificação como Monumento Nacional”. No processo, referem, “destaca-se o elevado valor cultural e paisagístico do conjunto e seu contributo para a qualificação da Paisagem Urbana da cidade do Porto. Defende-se uma Zona Especial de Protecção que salvaguarde as relações do edifício com a envolvente, em especial o conjunto de casas na Travessa da Pena até à Calçada da Boa Viagem que reforçam a relação de escala com a Casa Cor-de-Rosa, e garantem uma unidade de paisagem notável que não deverá ser interrompida”.
O júri do concurso atribuiu o primeiro lugar ao consórcio liderado por Edgar Cardoso: Laboratório de Estruturas, que propõe uma solução tipo pórtico com escoras inclinadas, com betão como principal material e uma altura superior à da Ponte da Arrábida. Já o segundo lugar foi atribuído a um projecto do consórcio liderado pela COBA, que apresenta uma solução de arco com tabuleiro a nível intermédio, com pilares de betão armado nas encostas. O terceiro lugar foi atribuído ao consórcio liderado pela Betar - Consultores, cujo projecto assenta numa solução de pórtico de pilares inclinados e assimétricos nas margens, com o tabuleiro a ser constituído por aço e betão e os pilares e encontros em betão armado. Com Lusa